O DÓLAR E SUA EVOLUÇÃO: Artigos escritos em 2010

A AUTORIA DA “GUERRA DAS MOEDAS”

                O título Guerra das Moedas juntamente com o conceito e a definição que explicitam este fenômeno é de minha autoria. O artigo, entre tantos que escrevi e que abordam a temática da moeda, foi publicado neste Jornal do Comércio nesta mesma coluna de opinião, além de estar também publicado na internet, em meu site da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul há mais de uma dezena de anos. Para acha-lo é só colocar meu nome Sérgio Borja e a palavra Guerra das Moedas numa ferramenta de procura como o Google ou Yahoo. Vai dar direto na fonte pois ela esta situada no link 3 do site além de estar escudada em arquivo físico e não virtual deste jornal.(O site foi fechado) Como professor, pesquisador e estudioso do assunto, que decorre dos estudos sobre globalização e integração econômica e jurídica, tendo inclusive publicado livros a este respeito, fico muito orgulhoso e satisfeito pois meus esforços, para o bem de minha querida pátria, o Brasil, foram plenamente compensados com a utilização dos conceitos ali explanados. Eles serviram, inclusive, para orientar a política nacional, explicando ao povo o fenômeno e simultaneamente também no âmbito internacional, pelo Ministério da Fazenda e o Banco Central, nos fóruns como a OMC e o grupo G20. Estes fatos e os conceitos foram noticiados pela grande imprensa com grande estardalhaço. No entanto eu ficaria mais contente ainda se os assessores que passaram os conceitos para o Ministro Guido Mantega e Meirelles e que posteriormente também foram também utilizados pela Exma. Sra. Presidente eleita, Dilma Rousseff, na sua fala da vitória,  reconhecessem publicamente os créditos pela elaboração dos mesmos. Tenho constatado, e todos nós podemos dar nosso testemunho, que o governo Lula e tenho certeza, o que agora lhe sucede, sempre prezou no mais alto grau os direitos e garantias do cidadão, insculpidos na parte dogmática da Constituição. Assim é que entre os direitos mais caros ali inscritos como o direito à vida, à igualdade, à liberdade, entre tantos outros, está também inscrito o direito à autoria no art.5º, inciso XXVII, devidamente regulado pelas leis 5988\73 e 9610\98 referentes aos direitos autorais. Nós professores universitários vivemos e servimos a sociedade civil com o ideal prenunciado no livro a República de Platão pois somos pagos com o ouro e a recompensa do ideal. Não precisamos dos milhões cobrados pelas consultorias para instruir os governos pois simplesmente nos doamos dia a dia, mês a mês e ano a ano pelo ensino a nossos alunos que são o futuro de nossa mãe pátria. Conduzimos nossos discípulos dos primeiros anos aos últimos degraus que ascendem até a formatura e colação de grau. No instante final de seus estudos, por princípio didático e também agora por exigência legal os instruímos para a confecção do Trabalho de Conclusão de Curso. Neste trabalho o aluno apreende a pesquisar e a consolidar suas ideias na forma de trabalho científico. Assim é que escolhido um tema o mesmo tem de verificar na literatura a este respeito quais os autores já trataram daquela temática. Desta forma, para salvaguardar, os direitos dos autores, os mesmos se esmeram conforme a norma técnica brasileira, a registrar meticulosamente a autoria de expressões e conceitos já abordados com anterioridade por outrem. São as chamadas notas de roda pé tão prezadas no mundo acadêmico e jurídico. De forma análoga, no assunto que agora trato, Guerra das Moedas e seus conceitos, é que expresso, com humildade, minha suprema aspiração a uma nota de roda pé. Muito obrigado Ministros e Presidenta recém-eleita pelas providências, que tenho certeza virão.   PROFESSOR SÉRGIO BORJA DAS FACULDADES DE DIREITO DA UFRGS E PUC/RS

A INSERÇÃO DO BRASIL NA PLACA DO DÓLAR

            Em 15 de julho de 1998 escrevi com ineditismo o artigo “A guerra das moedas” que foi publicado neste espaço de opinião. Ali eu discorria da impossibilidade de estabelecer a simetria monetária pensada por Robert Mundell e executada no Brasil através do Plano Real I, que era um sistema de câmbio fixo (dolarização ou currency board). O euro ainda não existia e o dólar era uma das moedas mais elevadas daí a impossibilidade do plano em face do problema do chamado dilema de Triffin, ou dumping monetário ocasionado pelas demais moedas, no caso as europeias e asiáticas. Através de mais de duas dezenas de artigos combati o Plano Real I dizendo de seus defeitos e deu no que eu disse: Default das nações que o acompanharam. Naquele mesmo artigo previ, no final, que só com uma maxi desvalorização do dólar era possível implementar o modelo de Mundell. Em 2004, com aquele mesmo aparato tosco, consegui prever no artigo intitulado “Câmbio, Juros e Política Econômica”, além da queda constante do dólar a diminuição gradativa das exportações com uma aproximação para uma nova política de simetria, mas agora, em baixa e com câmbio livre, que seria o Real II para se chegar ao estágio do Real III. Em 2007, no artigo “Dólar: O Portal para o Mercado” previ além de outros elementos de afetação do dólar o problema que três anos depois afetou a Europa diretamente aos chamados PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha). Usando uma ferramenta como Google ou Yahoo é fácil comprovar a veracidade das afirmações colocando junto meu nome pois o levará diretamente no link de tais títulos. O Brasil para diminuir a apreciação do dólar deveria baixar juros, baixar impostos (não sei como pois a dívida interna é de 1,6 trilhões crescendo a razão de 5,8 ao mês); sintonizar salários e inflação; aumentar a produtividade através da racionalização das técnicas; investir em logística para baixar custos, estradas e portos e transporte ferro e hidroviário, pois estes são os gargalos do custo Brasil embutidos nas mercadorias. Os controles endógenos são os mais dolorosos pois chegamos no limite. A maior expansão da base monetária, que já está alastrada em 150% se comparada com 2003, poderá gerar inflação e bolhas. Falar do dólar não dá pois o Brasil tem suas reservas monetárias 81,9% nesta moeda sendo que 74% aplicados em Títulos do Tesouro Americano. O Brasil, junto com os Brics ( Rússia, India e China) aliados ao Japão, Coréia do Sul e Japão, são os estados que mais possuem dólares (efeito parking). Assim é que todos fazem parte da “Placa Tectônica ou Zona do Dólar” não podendo falar do mesmo, sob pena de darem um tiro no próprio pé e se transformarem em futuros PIGs. A China moderna em realidade é o aríete do próprio capital americano que para lá emigrou e aliado as vantagens comparativas da mão de obra barata e do dumping monetário do yuan, monitora de baixo todos os outros sistemas verdadeiros reféns do dólar.     PROFESSOR SÉRGIO BORJA – FACULDADES DE DIREITO DA PUCRS E UFRGS

DÓLAR, REAL FORTE OU O CAMINHO DA REVERSÃO

A partir do ano de 2003 e seguintes comecei a escrever artigos históricos sobre a apreciação do real em relação ao dólar que foram sem erro algum bem dizer proféticos. Estão todos em meu site da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Fernando Albrecht, emérito colunista deste jornal, não me deixou sozinho e deu seu testemunho em vários trabalhos. Se você quiser comprovar é só colocar o nome Sérgio Borja, Albrech e dólar em qualquer ferramenta de procura da Internet – Google, Yahoo, etc – e encontrará o feito lá registrado. O Ministro Mantega pode sim fazer o dólar cair, mas, para isto deverá reverter o “cavalo de pau” assim caracterizado por José Dirceu, na época Ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República voltando a política do final do governo FHC. No artigo intitulado “o choque antiinflacionário” está o cerne da fórmula, que foi paulatinamente distendida através de uma rigorosa sintonia fina, até chegar nossos dias obtendo-se o resultado da apreciação do real. Reverter o efeito é simplesmente fazer o caminho inverso do que foi registrado neste artigo que dizia: “A conta da recessão não fica só nos juros do Ministro José Dirceu. Juntamente com os juros que foram aumentados em 19.02.2003 para o patamar de 26,5% ao ano, o Copom (Comitê de Política Monetária), aumentou, naquela mesma ocasião, o depósito compulsório dos bancos, de 45% para 60% sobre os depósitos à vista. Isso significa que de cada R$100,00 correspondentes dos depósitos à vista feitos num banco, o equivalente a R$60,00 são recolhidos ao Banco Central. Da mesma forma os bancos são obrigados a providenciarem o recolhimento compulsório incidente sobre os depósitos a prazo, através de Certificados de Depósito Bancário, e sobre a poupança, com alíquotas correspondentes, respectivamente, de 23% e de 30%.
Estes patamares estratosféricos foram mantidos pelo Copom, na última reunião do dia 21 do corrente, “sem viés”. A expressão significa que o Presidente do Banco Central não utilizará no espaço que dista até a próxima reunião, a sua prerrogativa de alterar a meta fixada.
O governo atual, neste sentido, vem seguindo fielmente a política econômica determinada, neste aspecto, pelo Decreto nº 3088 de 21.06.99, do ex-presidente Fernando Henrique, que criava a adoção de “metas de inflação” como diretriz da política monetária. Assim, com base nesta normativa, as decisões do Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional.
No entanto, em outros itens a política monetarista é díspar. Vejamos: O governo Fernando Henrique do ano de 1998 até o ano de 2002 expandiu a base monetária ou chamado meio circulante, independentemente das contrações ocorridas no período, em mais de 100%. Os dados constantes na home-page do Banco Central indicam que em 10.10.98, o meio circulante orçava uma massa de 20,9 bilhões de reais, sendo que em 25.12.2002, este valor estava expandido para um universo de 49,9 bilhões de reais (http://www.bcb.gov.br). Concomitantemente a este processo de expansão da base monetária em circulação tínhamos uma constante desvalorização do real frente ao dólar. Paradoxalmente, o governo aumentava os juros, para combater a inflação, descurando da convergência de outros dois índices, base monetária e desvalorização do valor cambial, que aumentam o processo inflacionário.
Na política econômica atual, e é por este motivo que o dólar cada vez cai mais em termos de real, os índices foram arrochados ou, na expressão do Ministro José Dirceu, o governo Lula fez um verdadeiro “cavalo de pau”. Adicionou à política de juros estabelecida pelo Copom, um verdadeiro choque anafilático pois reverteu a expansão do meio circulante para uma contração violenta no pequeno espaço de cinco meses de governo. O volume da base monetária que em 01.01.2003, estava na ordem de 49,9 bilhões, até o dia 23.05.2003 e, com ajustamentos graduais, passou para um patamar de 38,5 bilhões. Um enxugamento na ordem de mais ou menos 25%. Podemos chamar de “Camisa de Força”, “Cavalo de Pau”, qualquer coisa assim, a conjugação de mecanismos de efeitos altamente adstringentes em política econômica, que, pelos dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas derrubam em mais de 15%, pela incidência dos juros, a renda dos trabalhadores. Na mesma ordem do encarecimento do dinheiro e do custo financeiro gerado surgem os efeitos sobre a desativação do consumo e seus reflexos com o desaquecimento da economia e o ócio na capacidade operativa das empresas. Os efeitos inflacionários gerados pelo governo Fernando Henrique, com relação à expansão da base monetária e a valorização do dólar, já estão sendo revertidos. Assim, é chegada a hora, sob pena de asfixia da economia nacional, propiciar uma lenta e gradual distensão com relação ao item juros.” Esta lenta distensão gradativa foi feita até aqui com os ótimos resultados que aí estão. Agora, a reversão do caminho trilhado desde o ano de 2003 até aqui, nos termos macroeconômicos endógenos, com sintonia fina e monitorada dos índices, levará a uma queda do dólar no mercado interno nacional e acompanhará a queda que acontece por motivos exógenos do dólar no mercado internacional. Se não for tomada esta providência o dólar continuará desvalorizando como previ e chegará a um regime de currency board ou dolarização em baixa, que é a mesma sinuca de bico em que estava FHC, com o aumento de importações e a queda da competitividade da indústria nacional, levando ao desemprego e a estagnação. PROF. SÉRGIO BORJA – Professor da Pontifícia Universidade Católica de Ciência Política e Direito Constitucional.

POR QUE O DÓLAR CONTINUARÁ A CAIR!?
A esquerda empedernida quando teve ciência do impasse político recente entre as maiorias republicanas, instaladas no Congresso Americano, e o Presidente Barak Obama, democrata, sobre a autorização ou não para o aumento dos níveis da dívida pública americana, ficou contente. Para ela, numa visão simplista, este era o sinal que deflagraria o princípio da queda do “Império do Mal”. A autorização dada bem dizer, nos últimos segundos, autorizando o aumento da dívida e evitando, pelo menos no momento, o default público americano e o start da crise mundial, não abalou a convicção daqueles que creem que a nação americana iniciou seu processo de declínio. Ora, os xenófobos antiamericanos estão totalmente equivocados. Para contestá-los ou retirá-los de seu sonho lembro a frase com que iniciei o artigo escrito em 2007 intitulado “Dólar: O Portal para o Mercado.”(http://www6.ufrgs.br/direito/pessoais/sergioborja/2007/dolar.htm ) que dizia textualmente: “A aparente fraqueza do dólar é a sua real força.” Neste artigo, que é uma sequência e um aprofundamento do mesmo assunto abordado naquele que de forma originária e inédita tratei nesta mesma coluna sob o título de Guerra das Moedas. Ali eu vaticinei o aprofundamento desta pugna e seus efeitos, entre os quais o que intitulei “parking” das divisas americanas nos estados “reféns”. Entre estes estão aqueles que participam do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e União Sul Africana). Naquele artigo emblemático foi tratada inclusive a crise que hoje campeia solta na Europa, abalando o euro e os PIIGs. Assim é que o efeito “parking” na realidade como estava sendo feito, antes da crise do Congresso Americano recente, tinha um efeito “bumerang” sobre a dívida americana pois as divisas auferidas pelos países superavitários era reinvestida contabilmente em Títulos da Dívida Americana, o que agravava ainda mais a dívida pela revalorização do dólar causada por este efeito. Assim não aproveita, aos EUA, emitirem ou alastrarem seu meu circulante, como o fizeram desde a década de 60, fenômeno já abordado pelo economista belga Triffin, se a própria dívida voltasse para o seu centro, aumentando para futuro o black holle do déficit americano pelo efeito do enxugamento do ambiente externo. Assim é que a empedernida defesa de campo republicana urdiu a ameaça, como boa jogadora de pocker, um legítimo blefe ou golpe de mestre, que ameaçando com um default estes investimentos em papéis públicos americanos faz com que o dólar retraia-se e volte para o sistema externo, voltando a circular livremente buscando segurança nos países periféricos que ostentam algum nível de segurança desvalorizando-se e diluindo assim verdadeiramente suas dívidas originárias. Assim, desvalorizando-se o dólar ele pode (tentar) alcançar o yen e o yan (chinês\japonês) que sempre em baixa lhe agravam o balanço de pagamentos, fazendo com que a queda real do dólar, já iniciada nos idos de 1998, quando vaticinei esta possibilidade naquele artigo, continue diluindo sua dívida, como previsto pelo clássico Sir Maynard Keynes e, através de sua desvalorização, melhore seu balanço de pagamentos eliminando assim gradativamente os seus déficits ao mesmo tempo que permita o financiamento de sua atividade global de manutenção de seus interesses estratégicos como consequência do abastecimento de suas forças militares. Isto é dizer, para desilusão total da esquerda, que na realidade, quanto mais fraco o dólar, mais forte será o poder americano pois atingirá a situação de simetria monetária induzindo um currency board em baixa, o mercado total e a desregulação, como pretende. O controle endógeno que faz o Banco Central é um esforço interno de controle da inflação interna, que preserva o capital político da esquerda no poder e como forma de mantê-lo porque preserva a capacidade de compra das classes menos favorecidas que lhe são cativas através dos programas sociais bolsa isto bolsa aquilo. É uma questão de sobrevivência política para a esquerda. Mas, o dólar, apesar de tudo, continuará caindo como previ inicialmente. A União Europeia, para não se dilacerar, terá que continuar a baixar o euro e o Brasil e outros países continuarão a ser afetados pela sobrevalorização de suas moedas em relação à queda destas moedas fortes. Esta é a anatomia do real furo da bala. SÉRGIO BORJA – PROFESSOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS E DE DIREITO CONSTITUCIONAL NA PUCRS

O DÓLAR: MOEDA INTERNACIONAL
A emissão de moeda, juntamente com as funções jurisdicional e de segurança, foram as matrizes indutoras do fenômeno do surgimento da soberania e do estado nacional. No entanto com o passar dos séculos e por força da consciência emanada das razões motivadoras da primeira e segunda guerra, com o incremento das comunicações e transportes e seu efeito ocasionando a diminuição das distâncias moldando um processo sinérgico de integração planetária, por indução tecnológica e transbordamento do capital, que de nacional passa a ser dotado de vocação transnacional, por indução ontológica e dos entes multilaterais surgidos em Bretton Woods, começa a haver um deslocamento do antigo estado nacional, para os entes internacionais e o aparecimento do processo de regionalização, que mais e mais, dão suporte ao surgimento de neo e macro-estados pós nacionais. (Alvin Tofler, Keini Omahe – respectivamente – A terceira Onda e o Fim do Estado Nacional) ou até a diluição destes em macro-zonas econômicas. O Dólar, que após as guerras mundiais, em razão da articulação do pensamento de Dexter White e John Maynard Keynes, passa a ser considerado moeda internacional lastreada em padrão ouro de 35 onças troy. Em 1961, Robert Triffin, economista belga, em obra intitulado o Paradoxo do Dólar, expõe o que ficou conhecido como dilema de Triffin: “o dólar para poder acompanhar a expansão do comércio mundial, por força de sua natureza internacional, foi abandonando o lastro ouro e gradativamente sofrendo uma expansão baseada nos déficits americanos…” De lá para cá, o que temos é que o dólar atualmente é uma grande bolha de papel lastreada quase toda, para futuro, em títulos da dívida dos EUA. O Brasil, conforme Relatório de Gestão das Reservas Nacionais, produzido pelo Banco Central do Brasil, possui do equivalente a 280 bilhões de divisas estrangeiras, 81,9% em dólar sendo que 74% daquele valor total está aplicado em Títulos do Tesouro Americano. No próprio relatório, às folhas 9, item 1.3, que trata da Evolução das reservas internacionais, é relatado que o Brasil está em 9º lugar entre os demais possuidores de reservas em dólar. Todos os Brics, entre os quais, a China, com 2,5 trilhões de dólares em reserva, a Rússia com 1 trilhão de dólares, a índia com 300 bilhões, e também o Japão com 1 trilhão, seguido da Arábia Saudita com 500 bilhões, Taiwan com algo em torno de 400 bilhões, Coréia do Sul com 350 bi, Hong-Kong com 320 bi, o Brasil com algo em torno de 280 bi e logo depois a União Européia, abaixo do Brasil e em 10º lugar com algo como 260 bi. Ora, se estas potências possuem em conjunto algo em torno de 7,5 trilhões, somando o resto das nações do planeta nós teríamos uma quantia que ultrapassaria os 10 trilhões de dólares. Assim é que o meio circulante de dólar americano, no mundo, andaria por volta do equivalente do PIB da nação americana que foi de 14,5 trilhões de dólares no ano de 2009. Os americanos, por volta de 1996, em cima das idéias propugnadas por Robert Mundell, prêmio Nobel de Economia e professor da Columbia University, tentaram implantar um regime de currency board ou dolarização através da simetria monetária que se espalhou entre os países latinos. O Brasil adotou o Plano Real I com câmbio fixo determinado por através de medidas provisórias, a argentina o Plano Menen\Cavalo; o Equador, o Peru, a Colômbia e vários outros estados os acompanharam. Como o dólar estava mais alto do que as moedas da zona europeia (com exceção da libra) e também em relação ao yuan e o yene, respectivamente moedas chinesa e japonesa, seu plano redundou em profundo fracasso, ruindo uma uma todas as nações envolvidas como bola da vez. O fator maior foi o efeito beggar thy neigbhor, ou política de empobrecimento do vizinho (dumping monetário e social) dos países asiáticos para onde o capital americano já havia anteriormente emigrado em função das vantagens comparativas advindas da ausência de custo social do trabalho. Agora, o dólar tendo mergulhado num longo mergulho através de uma maxi-desvalorização que ultrapassa mais de 100 por cento de seu valor de face, dos anos 90 até o ano 2000, ruma para impor as restantes placas monetárias um currency board em baixa, ou formatar uma nova simetria em baixa. Esta é monitorada pelo próprio capital oligopolista que ocupando nações como a China, Coréia, Taiwan e Hong Kong, com custo social mínimo e moeda baixa (dumping social aliado ao dumping econômico) tem os demais estados com reféns entre o rochedo e o mar. Respectivamente, o dólar como moeda que se deprecia e que retira as vantagens comparativas das demais moedas e o rochedo, as mercadorias asiáticas escudadas em dumping social e monetário. Este fenômeno, além de levar a uma destruição de todas as leis sociais nos países emergentes e periféricos subjugados, neles incluída o próprio Euro e sua zona, com a consequente implantação de um mercado total e completamente desregulado. A única alternativa para os países condicionados a esta política seria a tentativa de, com base no próprio dólar, transformá-lo em moeda internacional, com repasse de sua emissão para um ente internacional em que os EUA, ficariam como fiadores dos valores equivalentes aos 7 ou 8 trilhões de dólares das potências acima nominadas. Da mesma forma a OIT seria acionada para que os países que trabalham com dumping social tivessem de incrementar, gradativamente, uma melhoria de seus níveis de direitos trabalhistas e que suas exportações fossem permitidas e absorvidas, pelo restante do mundo, na razão direta e em cotas consoantes proporcionalmente a tomada de suas providências porque fazem o seu crescimento à custa da implosão das demais outras e através do estímulo da informalidade nos outros estados nacionais. O Dólar Novo poderia ser intitulado Earth (Terra) e ser o início de um direito à moeda, não só para alguns povos privilegiados, mas para todas as nações da terra inclusive aquelas atualmente espoliadas pelo processo de especulação cambial e social.

DÓLAR, ELEIÇÃO E SOBERANIA

É através das eleições, no estado democrático de direito, que de tempos em tempos a vontade do Povo Soberano é auscultada para que se manifeste através do voto indicando sua pauta de preferências. A Teoria Geral do Estado e a moderna Ciência Política embasam no axioma da vontade popular o regime das leis, das liberdades e igualdades. Foi Jean Bodin, em 1576, na obra, Os Seis Livros da República, o primeiro teórico a desenvolver o conceito de soberania. Para ele este poder era absoluto e perpétuo sendo assim incontrastável. De lá para cá, através dos séculos, do ponto de vista do direito público interno de todos os povos, esta assertiva continua, apesar de irônicas contestações, mantendo sua base de certeza e credibilidade. No entanto, com relação à área externa e relativa ao direito público internacional, cada vez mais as teorias monistas, que vislumbram na ordem internacional maior hierarquia em detrimento das ordens nacionais internas, vão sobrepujando as teorias dualistas, que tem no nacionalismo e na razão direta da soberania, sua âncora maior. Assim é que o Estado Nacional tendo nascido Soberano concomitantemente transmitiu às suas primeiras funções iniciais, v.g. julgar, executar, legislar e emitir moeda a sua mesma natureza ontológica. Se com respeito às três primeiras funções estas continuam indenes, como no passado, sendo justificadas por serem delegação do poder do Povo Soberano, a última, emitir e dar circulação forçada a sua moeda nem tanto. Hoje, como fenômeno semelhante ao “encilhamento” causado por Rui Barbosa, quando Ministro da Fazenda da primeira república, não por criação do governo atual, como foi naquela ocasião, mas por indução, não de títulos de crédito que faziam concorrência a moeda, mas pela neo-moeda eletrônica dos cartões de crédito e do condicionante do valor do dólar, como moeda de entorno determinante, a soberania da função estatal monetária está relativizada ou bem dizer inexistente. O Brasil, como um sub-sistema, conforme acepção teórica de FHC ou da escola da CEPAL, está completamente submetido ao fenômeno persistente da queda do dólar no mercado exterior. Os controles de política econômica, endógenos, são suficientes somente para refrear pequenos sobre-saltos, mas o determinante maior, seja o valor do câmbio real, decorre inexoravelmente do fator exógeno ou, seja, o preço do dólar no mercado externo. Quando o Banco Central adquire dólares no mercado, aumentando nossas reservas que já ultrapassam centenas de bilhões de dólares, ele opta conscientemente pela relativização de nossa soberania monetária em prol do efeito parking da bolha do dólar americano. Esta não parou de expandir seu efeito desde 1961, quando foi atestado por Robert Triffin o dilema do dólar. Assim, não adianta o Ministro da Fazenda dizer que vai ao FMI ou se queixar perante o G-20, pois todos os estados do mundo, inclusive os entes multilaterais e os regionais, estão todos, condicionados pela desvalorização do dólar que persistirá. A fraqueza do dólar é em suma sua força, pois inserido, como um cavalo de tróia, no sistema monetário mundial, leva a um check-mate ao rei, pois implantará, depois de ter destruído o socialismo e agora estar destruindo a social democracia, ao mercado total, como querem e esperam todos os liberais vitoriosos. Estes acabaram de perder nas urnas mas, pelo fator exógeno da condicionante monetária, jungirão os atuais vitoriosos como futuros reféns do monismo econômico atualmente vigente no processo de globalização. Em suma: todas as políticas terão um limite na capacidade econômica do país determinada diretamente pelo valor do câmbio que não é nem o Banco Central, nem o Sr. Meirelles, nem o Sr. Guido Mantega, muito menos o G20 ou o FMI que determinam. Persistir na compra de dólar, ocasionando uma flutuação suja, é fazer uma política monetária análoga do Chico Lopes que foi chamado a responder pelas suas atitudes.
PROF. SÉRGIO BORJA – PROFESSOR DE CIÊNCIA POLÍTICA DA PUCRS 9

O DÓLAR

 

         Um dia após as eleições os candidatos eleitos, à unanimidade, já deveriam se debruçar sobre o estudo da problemática do câmbio. Toda a política futura, seja ela tributária, trabalhista, de juros, de mercado, de produção, em fim, resumindo, toda a política que se referir ao incremento ou não do PIB nacional, tem de se focar com prioridade na apreciação ou não do câmbio.  O Ministro da Fazenda, Mantega, pelas suas manifestações na imprensa parece que recém agora descobriu que não é o real que se valoriza é sim o dólar que cai. Para bom entendedor a denotação desta expressão não invalida a dinâmica interativa, recíproca e intrínseca entre os valores de ambas as moedas. O Banco Central do Brasil, no entanto, fazendo pouco caso dos indicativos macroeconômicos exógenos, isto é de que o dólar vem a longo prazo caindo, opera numa política macroeconômica condicionada a fatores econômicos endógenos. Diuturnamente tem comprado, através de intervenções no mercado de câmbio, importantes quantias da moeda americana criando uma legítima flutuação suja da moeda no sub-sistema nacional que se desconecta do sistema internacional ao compasso e na soma destas pequenas intervenções. Assim, no curto e médio prazo, as flutuações do dólar, dentro do espaço soberano nacional, sofrem oscilações sistêmicas acompanhando a escassez momentânea ou a abundância da moeda americana criada de forma artificial ou mesmo causada por alguma recidiva externa de crise momentânea. No entanto, o certo é que, no longo prazo, a moeda americana tem despencado gradativamente por conta dos déficits americanos e da emissão histórica desta moeda que a transformam num grande bolha. Através de estudo publicado em pequeno artigo no ano de 2004, corroborado nos anos subseqüentes, por artigos de mesma índole, projetei o fenômeno que estamos agora vivendo. Naquela época afirmei que: A aparente fraqueza do dólar é a sua real força. Assim, a política de meta de inflação não precisa mais buscar est

SOBRE A AUTORIA DO CONCEITO GUERRA DAS MOEDAS

            A autoria do conceito e do tema Guerra das Moedas é minha. Com ineditismo e originalidade escrevi o artigo que foi publicado na coluna de opinião do Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul no dia 15 de julho de 1998. Este mesmo artigo foi inserido em meu site da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no ano de 1999 e lá está, em exposição pública na Internet, desde esta data. Ele é o terceiro link do site onde estão expostos ao público dezenas de artigos, muitos deles sobre a temática da circulação da moeda em nível nacional e internacional. Não existem título nem abordagem do tema, com identidade, semelhança ou analogia, na literatura nacional nem estrangeira, nesta época em que foi publicado como vanguarda de um pensamento. A literatura estrangeira, sobre a temática e o conceito, surge na China a partir de 2007. No entanto com o mesmo vício de todas as cópias de muitos dos produtos produzidos por lá. Na ocasião em que foi escrito dois atributos eram necessários ao autor, não temer o ridículo e ter coragem de se expor a chacota do stablischment do pensamento dominante estabelecido pelo prêmio Nobel de economia da ocasião: Robert Mundell. Esta foi à época da crença e da execução do processo de dolarização, com câmbio fixo, que é o cerne da matriz gestacional do Plano Real de FHC, no Brasil, e Menen\Cavalo, na Argentina e disseminado pelos demais estados da América Latina. O estabelecimento da simetria monetária vinha em apoio ao estabelecimento da simetria jurídica advindas concomitantemente dos mecanismos estabelecidos pelo regionalismo e pelo multilateralismo a fim de alavancar a assimetria das vantagens comparativas diferenciadas dos diversos atores do processo jurídico\econômico. Meu pensamento e argumentação, neste artigo e em todos os inúmeros que foram publicados no Jornal do Comércio, Gazeta Mercantil e colocados em meu site da Faculdade de Direito, contrariavam a crença dominante. Hoje, passados mais de doze anos, o mundo, com exceção da União Europeia, que adotou o sistema, navega sob a batuta do sistema de câmbio livre, inclusive o Brasil. No entanto, guardadas as proporções e mesmo que o mundo tenha se encaminhado para um sistema de câmbio livre, onde o Brasil se enquadra, o mecanismo, repito, no entanto, é relativo pois condicionado as zonas de influência monetária. Também aí, com relação a neologismos e nomenclatura, inovei, sem temer o ridículo, pois em vários artigos cognominei este sistema, roubando da geologia a expressão, de sistema de placas tectônicas monetárias. Entre elas existem fissuras e atritos submetendo-se da mesma forma ao processo prenunciado por Robert Triffin, na década de 60, que seria o beghar thy nehgbor (política de empobrecimento do vizinho ou dumping monetário). Assim é que temos a zona do dólar, do euro, e a oriental dominadas pela China e Japão com o yuan e o yen. Também, nesta mesma direção, a partir de 2004, no artigo intitulado Câmbio, Juros e Política Econômica, eu vaticino, com pleno acerto, uma maxidesvalorização do dólar em face da suposição já contida no próprio cerne do artigo que enseja este escrito, seja a Guerra das  Moedas, onde eu expressamente escrevo, por força de suas inferências deixando ipsis litteris o seguinte registro e testemunho que se encontram no próprio texto sob comento: “A questão concreta que fica é a seguinte: Até que ponto Estados Unidos e os sistemas que lhe são dependentes, notadamente a América Latina, aguentarão com suas moedas, sobrevalorizadas em relação aos demais, sem terem de fazer uma maxidesvalorização em conjunto…” Os Estados Unidos da América fizeram esta maxidesvalorização e continuam fazendo, comprova isto a inundação de dólares prometida pelo FED nesta semana. Escrevi sobre isto utilizando o título Dólar: O Portal para o Mercado. O   Ministro Guido Mantega, da Fazenda, o Ministro Henrique Meirelles e inclusive a Presidenta recém eleita, Dilma Rousseff, fizeram uso e  devem fazer uso deste instrumental de razão que aí está pois os condicionantes monetários, expressão concreta de minha previsão acertada no passado, se estabelecem com plenitude no presente, através da apreciação do real e do fator inevitável advindo, seja, a  queda das exportações com o consequente aumento das importações e os seus reflexos deletérios sobre o balanço de pagamentos pois o dólar continuará a cair. As justificativas advém não só desta condicionante de razão, seja a necessidade de maxidesvalorização, mas também de um fator macroeconômico exógeno, também previsto por Triffin, seja o dólar é uma imensa bolha de papel a expandir sua inflação por todo o sistema monetário onde paradoxalmente “a sua aparente fraqueza é sua real força” pois como um Cavalo de Tróia, funciona como um vírus de software produzindo o efeito em que: “O problema do dólar, mais do que um problema americano, passa a ser um problema das demais nações. Das que acompanham o dólar por estar com ele atreladas e da que não acompanha o dólar: a União Europeia.”(Agora também o Brasil) Tudo isto eu escrevi com antecedência, originalidade e ineditismo sendo que a Internet esta maravilhosa deusa do nosso presente é minha testemunha irrefutável pois em seu ventre virtual está registrada indelevelmente, para testemunho hodierno e da posteridade, o conteúdo real de meus inúmeros artigos sobre moeda. Eles podem ser obtidos em segundos bastando tão somente a inserção em qualquer ferramenta de procura dos títulos aqui mencionados ou das expressões entre aspas ou meramente da menção de meu nome, comprovando assim minha autoria. Como professor universitário, fico feliz de prestar este serviço à Sociedade e ao meu país, mas ficaria mais feliz ainda com o reconhecimento da paternidade dos conceitos e ideias esposadas ultimamente pelos ministros e atual Presidenta eleita, que de forma veemente popularizaram no Brasil e no exterior, a famosa e atual, mas antes, tão desconhecida, Guerra das Moedas.    Professor Sérgio Borja  61 anos – Professor de Direito Constitucional e Teoria Geral do Estado da PUCRS e Professor de Instituições de Direito da UFRGS – telefones 051 98083706 e residencial 051 33370028 – mandei para a Folha de São Paulo – na madrugada de 06.11.2010

eio nos juros.(Não terminei o artigo)

 

8083706

 

CONDOLEEZZA RICE RESPONDE PARA CHAVEZ!!!

Vale la pena leer esta linda, valiente, veraz y expresiva carta que escribe la ex-Ministro del presidente Bush, Condoleezza Rice.Es desigual la lucha de la inteligencia con la brutalidad, con las mejores palabras lo volvió añicos.Carta de Condoleezza….!!ESTO ES….CLASE…CALIDAD…CULTURA…Y MUCHA SABIDURÍA.Carta de Condoleezza Rice: Sr. Presidente Chávez: Estaba esperando mi salida del gobierno, y transcurriese un tiempo prudencial para enviarle esta misiva. Aunque desde el punto de vista geopolítico sus expresiones desconsideradas contra mi persona fueron deleznables, por lo cual no fueron respondidas oficialmente, no puedo negar que me produjeron malestar. Ningún ser humano puede dejar de molestarse cuando alguien se refiere a él o ella en términos procaces y desconsiderados. En el caso que nos ocupa ello estaba magnificado por el hecho de que: (1) usted era el presidente de un país con el cual mi país tiene relaciones diplomáticas; (2), usted violó el viejo dicho español que reza: ?a la mujer, ni con el pétalo de una rosa? y, (3), sus comentarios tenían un componente racista que en mi país es ya definido como ?políticamente incorrecto?, pero que usted aún practica con entera impunidad en el suyo.Se refirió usted a mi escasa cultura y a una pretendida atracción que yo sentiría por usted. En primer lugar, debo decirle que anoche tuve el honor de tocar con la Orquesta Sinfónica de Filadelfia, como solista, el concierto número 20 para piano de Wolfang Amadeus Mozart, K.466 (sabe usted el significado de K.? No lo creo). Soy una de las más destacadas concertistas no-profesionales de los Estados Unidos. Estudié piano al mismo tiempo que me graduaba de politóloga en la Universidad de Denver. Y usted, Sr. Chávez? Me dicen que aparte de haber sido un estudiante mediocre de la Escuela Militar de Venezuela, aparentemente el refugio de quienes no dan la talla en la universidad, usted no tuvo otra educación formal. Parece ser que ello es la razón por la cual insiste en que 8×7=52 y que el hombre llegó al planeta Tierra hace 2000 años. Sin olvidar que su ortografía parece dejar bastante que desear. Sus pomposas citas son cursilonas y con frecuencia inexactas. Fíjese que solo es ahora que le digo esto, ya que jamás le hubiera echado a usted en cara su incultura y patanería, a no haber mediado su agresión a mi persona.En segundo lugar, no creo que sentiría atracción por alguien como usted. No me refiero a su aspecto físico, el cual ciertamente no es de concurso sino, digamos, simplemente sub-standard. Me refiero a sus maneras, a la pobre calidad de su lenguaje y a la agresividad que muestra hacia el sexo femenino. Estoy informada de su manera de tratar a su ex-esposa, hasta en público, de sus ofertas machistas por televisión acerca de ?darle lo suyo? y de la violencia que usted utilizó contra las mujeres con quienes tuvo relación en el pasado. Afortunadamente hoy no se le conoce relación con fémenina alguna, excepto alguna que otra zalamería ocasional hecha a algún travestís brasileño. Por ello no podría sentir atractivo alguno por alguien que, más bien, me causa repulsión. Tampoco me sentiría muy a gusto con alguno de sus acólitos, llámese Cabello o Istúriz, apenas marginalmente más aceptables.Usted se mofó de mi nombre, Condoleezza, relacionándolo con condolencias y tristeza. No es tal cosa, Sr. Chávez. Mi nombre es derivado de la expresión musical italiana ?con dolcezza?, es decir, con dulzura. Se lo explico porque es evidente que sin esa explicación usted no tendría la menor idea de su verdadero significado. Los idiomas no son su fuerte, como lo recuerdo bien de su intento de insultar al Presidente Bush en una curiosa versión del idioma Inglés, algo que sonaba como ?iu ar a donki?. He tenido la suerte de llegar a los más altos niveles del gobierno de mi país debido a mi formación intelectual. No me hice notoria liderando un golpe de estado sangriento que dejó más de 200 venezolanos muertos, algo de lo cual usted se ha jactado, al decir ?yo si estuve en un golpe, echando plomo de verdad?. En mi país generalmente (hay excepciones) la gente intelectualmente sólida entra al gobierno buscando reconocimiento y no tiene necesidad de robar. Entiendo que en regímenes como el suyo, ustedes llegan al poder sin muchas credenciales intelectuales y lo usan para enriquecerse o, como dicen algunos, ?para comer completo?. Fíjese que no compartimos filosofías de la vida y que mientras yo toco a Mozart con la Orquesta Sinfónica de Filadelfia usted canta rancheras mexicanas a capella, es decir, a palo seco. Mientras yo doy conferencias en las universidades usted cuenta sus peripecias peristálticas, sus retortijones en un túnel.Bien, creo haber puesto las cosas en su sitio. Usted ha elegido su camino, junto a los estados forajidos y grupos terroristas y narcotraficantes del planeta. Esa ha sido su decisión. Pero ella lleva consigo responsabilidad indelegable. Usted ha podido ser un discipulo de Mandela y eligió ser un discípulo de Mugabe. Ha podido sentirse orgulloso de Jose Maria Vargas y decidió sentirse orgulloso de Ezequiél Zamora. Usted eligió su camino. Su régimen terminará, como decía T.S. Eliot (un poeta de mi país, Sr. Chávez) acerca del fin del universo: ?no con una conmoción sino con un susurro?. No tendrá donde esconderse!

MANIFESTO ROCCO – TEXTO INTEGRAL DO MANIFESTO LIDO EM FRENTE DA CONFEITARIA ROCCO POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DOS SEUS 100 ANOS – APÓS O BOLO VIVO E A ENTOAÇÃO DO HINO NACIONAL

M A N I F E S T O
CONFEITARIA ROCCO PARA SEDE DA ACADEMIA JÁ!!!
“HOJE
O ESTRO POÉTICO
ALÇA SEU VOO
E COM BRADO
VAI ECOANDO
FRENTE AO TEMPLO
SOB O SILÊNCIO INERME DOS ATLANTES
AMBOS HERCÚLEOS E ESBELTOS
ABUNDÂNCIA E FARTURA EM SEUS ESFORÇOS
BURILADOS E ETERNIZADOS POR GAUDENZI
COMPENETRAM O ESFORÇO SECULAR
APOIANDO AS COLUNAS DA VIRTUDE
ENTRE AMBAS E A ORDEM
ESTÁ O POVO
REUNIDO ANTE O TEMPLO E AS MUSAS
PARA GRITAR BEM FORTE
A DEUSA LUZ
DE PELLARIN
FAÇA-SE A LUZ
SOBRE UM PORTO MAIS ALEGRE
ESTE É O NOME E O LUGAR DE QUEM BEM VIVE
COM O SONHO E A UTOPIA DESENHADA
FRENTE AO TEMPLO CENTENÁRIO HOJE ESTAMOS
CANTANDO A HONRA DE SER O ATO!
AQUI E AGORA
CLAMAMOS NESTE ALTAR
CASA ROCCO PARA SEMPRE
SEJA O LAR
DA GLORIOSA ACADEMIA
RIO-GRANDENSE

E DAQUI DESTE LUGAR SECULAR
ALCEM O VOO
AS MUSAS
TEMPERADAS A FOGO E FORJA
TEU NOME CONFEITARIA
EM PROSA SEJA ALIMENTO DO ESPÍRITO
E PÃOESIA
SEMEANDO ASSIM COM SEUS CABELOS INCENDIADOS
IMANTADOS DE ETERNIDADE IMARCESCÍVEL
AO VENTO SOLTO
O ESBOÇO DO TEMPO QUE VIRÁ
E CANTARÁ
A VITÓRIA
DO SER SOBRE O MAIS TER
RESGATANDO NESTA FAÇANHA
A VIRTUDE
QUE POR 100 ANOS AQUI DORMIA
DESPERTA
EM SOBRESSALTO
DE SEU SONO SECULAR
SIM
CREIA EM MIM
PRÉDIO VETUSTO
É O POVO QUE CANTA À SU FRENTE
PARA FICAR !
REPETINDO NUM REFRÃO
ONIPRESENTE
CASA ROCCO A ETERNA FESTA POPULAR
A CULTURA
NO TEU SEIO HÁ DE MORAR!!!”

Poesia dedicada a memória do prédio centenário da Confeitaria Rocco, composta no dia do aniversário e da festa do povo na frente do prédio da Casa Rocco. Sérgio Borja em 20.09.2012. Presidente da Academia Rio-Grandense de Letras.
Exmo. Sr. Prefeito de Porto Alegre, Exmos. Senhores Vereadores de Porto Alegre, autoridades aqui presentes e representadas, presidentes e representantes das entidades culturais de Porto Alegre, hoje, dia da festa dos 100 anos do prédio da Confeitaria Rocco, aqui reunidos, festejamos a data e aproveitamos e ensejo para fazer um manifesto em prol da cultura e da preservação dos bens mais caros ao espírito humano nestes termos:

1 – Que este prédio foi inaugurado em 20 de setembro de 1912 por seu proprietário Nicolau Rocco que mandou erguer no local uma confeitaria;

2 – Que é uma obra de arte arquitetônica onde trabalharam os arquitetos Salvador Lambertini, que o projetou sendo, que com sua morte, a execução foi feita pelo arquiteto Manoel Barbosa Assumpção Itaqui;

3 – Que a obra é ataviada com esculturas, baixos e altos-relevos com relevância para os Atlantes de autoria do escultor Giuseppe Gaudenzi e a escultura Luz, do frontão, obra de Frederico Pellarin assistido por Gustavo Steigleder;

4 – Que este prédio atualmente acha-se desocupado e abandonado sendo que a Prefeitura Municipal providenciou o seu tombamento em 1997, conforme noticia a grande imprensa;

5 – Que em 24 de abril a Academia Rio-Grandense de Letras, entidade centenária do Rio Grande do Sul, fundada em 01 de dezembro de 1901, protocolou perante o Paço Municipal, em petição dirigida ao Excelentíssimo Senhor Prefeito José Alberto Reus Fortunati, autuado sob nº 001.020600.12.7;

6 – Que em 20 de junho de 2012, após a Academia ter comparecido em audiência noticiada amplamente na imprensa com o Presidente da Câmara de Vereadores, Vereador Mauro Zacker e. com insistência veemente, ter contatado todos os vereadores, sem exceção, recebeu uma comunicação do Sr. Prefeito, através do ofício nº556/12-GP que comunicava o número de autuação do pedido feito pela Academia e também passava ao seu conhecimento o Parecer nº CMC 011\2012 prolatado pelo Coordenador da Memória Cultural, senhor Luiz Antônio Bolcato Custódio;

7 – Que neste parecer o senhor em epígrafe deixa claro os seguintes pontos: a) que existem com referência ao assunto, na Prefeitura, os seguintes processos: I – o encaminhado pela Academia, solicitando a doação; II – o processo de tombamento já concluído de nº 1.031342.96.5.00; III – o processo de desapropriação e o de decretação de utilidade pública, respectivamente, sob nºs 001.028020.07.3 e nº 17.723\2012;

8 – que o parecerista em epígrafe exara conclusivamente determinados trâmites de praxe tais como o de que, após a desapropriação a EPAHC “deverá fazer laudo técnico especificando as obras necessárias a restauração completa do imóvel…documento que integrará as próximas etapas do processo…na sequência, a PMPA deverá definir os termos para o lançamento de edital para Parceria Público-Privada buscando atender os objetivos do presente processo que são: restaurar e conservar o imóvel…reistalar ali a “Confeitaria Rocco”, possibilitando acesso ao público…solicitamos encaminhar estas informações a Academia Rio-Grandense de Letras…uma vez que estamos no meio do processo e já recebemos manifestações de interesses de outras entidades da sociedade civil.” (in verbis);

9 – que a Academia Rio-Grandense de Letras considera que o processo deve ter um amplo debate público por parte da Sociedade Civil em razão da amplidão de verbas, da preservação e conservação do prédio, como histórico, e de qual seria a sua funcionalidade:

10 – que em se perseverando neste tipo de andamento de gabinete em que não há um debate (a Academia procurou abrir o debate junto à Câmara dos Vereadores visitando seu presidente e conclamando, sem exceção todos os vereadores) irá se cristalizar um modo de encaminhamento que foi sepultado para todo o sempre, esperamos, com a Ditadura Militar que fazia seus atos “intra-muros”;

11 – que o modelo adotado burocraticamente pelo parecerista de forma singela, PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA, expõe uma discussão nevrálgica e polêmica pois a parceria, nos moldes legais a que visa, tem necessariamente de preencher fins públicos essenciais do estado e seus desdobramentos federativos sendo que o mesmo, por vetores e condicionamentos constitucionais, implementados através de emendas constitucionais feitas no texto originário da Constituição de 1988, veda atividades ou delegação das mesmas, que não tenham cunho eminentemente do Estado como tal sendo obstadas atividades de jaez comerciais, como objeto social Confeitaria;

12 – Que a Academia Rio-Grandense de Letras, como ente privado, com finalidade pública, reconhecida por decreto federal e no âmbito estadual, pode sim, com toda a liberdade, através do termo de doação, ou outra instituto jurídico como o Comodato, alvitrado em seu pedido, alocar para uso da comunidade, sem empecilho e fora da celeuma jurídica, a atividade da Confeitaria tradicional, a fim de conservar a desinência original e tradicional do prédio, aliando a esta a funcionalidade para instalação de suas atividades pois alocaria no prédio biblioteca, pinacoteca, salão de conferências, salas de audiências e lançamentos de sessões de autógrafos com o auxílio de ter a Confeitaria, aberta ao público, também instrumento de manifestações culturais e encontros da intelectualidade e amigos da cultura em geral;

13 – Que a Academia do alto dos seus quase 111 anos, que completará em 01.12.2012, próximos, tem acompanhado as várias desinências e matérias jornalísticas sobre o uso de vários prédios públicos, como o da Casa Godoy, o da Casa Torelly, o prédio tombado do Chez Philippe, conforme matéria publicada em ZH Moinhos de 17.05.2012;

14 – Que da mesma forma acompanha, com regozijo, a realização do sonho do Projeto Terreira do grupo Nóis Aqui Traveiz, com verbas federais, concessão de terreno municipal e editais publicados do Diário Oficial de Porto Alegre, conforme noticia a reportagem de André Mags, em ZH, do dia 04 de junho de 2012 na pág. 33;

15 – Da mesma forma expressa seu contentamento com a doação do terreno para o Grêmio, decreto assinado pelo ex-prefeito Fogaça e pelo vice-prefeito e Secretário da Copa, na ocasião, o atual prefeito Fortunati, conforme notícia também publicada em ZH (http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/esportes/noticia/2010/02/prefeitura-sanciona-doacao-de-terreno-do-olimpico-ao-gremio-2821827.html );

16 – Que expressa seu contentamento pelo tratamento dado a inúmeras entidades, que não menciona aqui em razão do exíguo espaço da petição, mas que demonstram o denodo pelo fim público dedicado pelos gestores públicos na coisa pública;

17 – Que reivindicando este mesmo direito de igualdade do qual tanto falam os dirigentes, ora em campanha política, para que a Lei Maior seja realmente lei entre nós, o mesmo direito de tantas entidades, embasada em sua tradição cultural, que é atestada pela nomeação constante de seus membros acadêmicos, como patronos da lendária Feira do Livro de Porto Alegre, como Walter Galvani, Alcy José de Vargas Cheuiche, Jane Tutikian e recentemente nosso querido confrade Luiz Coronel, e tantos outros que honram e honraram as letras de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul;

18 – Que a Academia Rio-Grandense de Letras datada dos albores do século passado, cotejada com as demais academias dos estados da federação ombreia lado a lado no seu patrimônio cultural, mas que, no entanto, com relação a sua sede, que atualmente situa-se numa sala do Edifício Santa Cruz nº 1234, conjunto 1002, na rua dos Andradas, é praticamente uma moradora de rua pois sua sede pobre, parca, pequena, não pode ser comparada com a sede do menor e mais pobre dos estados da federação. Cotejando através do Google as sedes das academias de Pernambuco, Bahia, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina (esta tem inclusive uma verba anual de c$200.000,00 reais votada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador do estado com rubrica fixa no orçamento), e por aí afora, constatar-se-á a magnitude e amplidão dos vários prédios dedicados as suas Academias por governos que souberam valorizar a cultura e a educação; Certamente os níveis baixos da educação que despencam desvendam o tipo de ótica que tem medrado até agora no item cultura e que através dos anos tem sonegado um lugar melhor na comunidade dos estados ao Rio Grande do Sul; esta é a ótica das decisões de gabinete, tomadas longe do povo e distante das praças públicas que não ouvem a voz do Povo e suas demandas;

19 – Que a Academia Rio-Grandense de Letras, neste ato solene, saudando o centenário prédio da Confeitaria Rocco, corrobora veementemente, perante o Sr. Prefeito e as autoridades constituídas, inclusive o Sr. Governador do Estado, ao lado de todas as entidades representativas do Estado do Rio Grande do Sul, como a OAB, representada pela Dra. Sulamita Cabral, e demais entidades culturais, membros e confrades da Academia, seus amigos dos grupos sociais do Facebook, Orkut e Google, o seu pedido inicial, nos termos formulados no processo 001.020600.12.7, no sentido da DOAÇÃO do imóvel para sede da Academia(ou até um Comodato com cláusulas a serem contratadas), comprometendo-se a mesma, de público, manter no local uma Confeitaria aberta ao público, com o nome da antecedente e que servirá para lançamentos de livros e atos culturais, alocando ainda, no prédio, sua sede, biblioteca, pinacoteca, discoteca, administração, enfim todas as dependências que sirvam aos seu desideratos estatutários. Para isto, em frente à Praça Conde de Porto Alegre, e na esquina das ruas Riachuelo com Dr. Flores, na frente do prédio histórico da Rocco, MANIFESTA perante o POVO presente, representantes e autoridades, sua petição de consecução de um sonho: CONFEITARIA ROCCO PARA SEDE DA ACADEMIA JÁ!!!!!!!

PORTO ALEGRE, 20 de setembro de 2012.

SÉRGIO AUGUSTO PEREIRA DE BORJA
PRESIDENTE DA ACADEMIA RIO-GRANDENSE DE LETRAS

A BUSCA DE BORJA – JORNAL DO COMÉRCIO: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=104706

CORRUPÇÃO E TREZENTAS ONÇAS – FESTEJANDO OS 100 ANOS DOS CONTOS GAUCHESCOS DE SIMÕES LOPES NETO

TREZENTAS ONÇAS
VIDEO: http://www.youtube.com/watch?v=7pRNWWlbvu4
A releitura dos Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, faz sempre com que eu retorne ao ambiente telúrico onde tive minha infância e adolescência. Nasci em Porto Alegre mas, com a tenra idade de um ano e meio, meus pais resolveram ir morar lá no Alegrete, terra de minha mãe. Assim é que cresci imerso neste mundo pictórico vibrante de sentimentos e expressões da cultura gaúcha. Meu avô Jangota Pereira, velho tropeiro, tinha várias fazendas e numa delas, a estância da Boa Vista, situada entre a serra e o rio do Caverá foi ali que passei uma das fases mais bonitas de minha vida. São estes os laços evocatórios que, ao ler os textos de Simões Lopes, um burburinho incontrolável de sentimentos, sons, palavras e memórias ecoam em minha alma saudosa. Todos nós gaúchos temos alguma senda na memória que nos remete a este sentimento de identidade de sentir que emana e ao mesmo tempo irmana o escritor e seu leitor na atmosfera dos Contos Gauchescos. Trezentas Onças é o conto pelo qual Simões Lopes inicia a saga de Blau Nunes, tropeiro e vaqueano que ricocheteia seu andejar pelos pagos gaúchos. Simões dedica os contos à memória de seu pai pontuando a densa e profusa extensão de sentimentos com uma palavra: Saudade! Por esta porta, a paterna, é que foi iniciado no sentimento e vivência atávicos. Quando falo em atávico o faço com a conotação mais profunda possível. Aquela dada por Carl G. Jung em sua grande obra “O Homem e seus Símbolos”. É Joseph L. Henderson, comentando a obra de Jung, em seu artigo “Os mitos antigos e o homem moderno” que afirma que “foi a Escola da Psicologia Analítica do Dr. Jung que, nos nossos dias, mais contribuiu para a compreensão e reavaliação destes símbolos eternos. Ajudou a eliminar a distinção arbitrária entre o homem primitivo, para quem os símbolos são parte natural do cotidiano, e o homem moderno que, aparentemente, não lhes encontra nenhum sentido ou aplicação.” Continuando ele afirma: “ Como o Dr. Jung assinalou…a mente humana tem sua história própria e a psique retém muitos traços dos estágios anteriores da sua evolução. Mas ainda, os conteúdos do inconsciente exercem sobre a psique uma influência formativa.” Simões Lopes Neto, em Trezentas Onças, dentro do acondicionamento que traduz a paisagem e um sentir telúricos dos pagos, através do retratar dos costumes, do linguajar, traz no cerne do conto, engastada na tessitura viva da alma gaúcha uma pérola ética. Um valor moral essencial e que traduz o sentir-se ou o ser gaúcho: a honestidade! Blau, abombado da longa viagem, acompanhado do cusco e do pingo zaino encontra um manancial. Aquerencia-se. Tira uma sesta na beira do arroio. Acorda e resolve se refrescar num banho. Veste a roupa e monta o cavalo esquecendo a guaiaca, recheada com trezentas onças, em cima de uma pedra, ataviada pela cinta das armas. Lembrar-se-á do esquecimento na frente da fazenda aonde veio adquirir gado para seu patrão dono de charqueada. Rememora o lugar onde esqueceu e também de seu cachorrinho que até o último momento volvia e latia como para lhe advertir da ocorrência. Volta a galope passando por uma larga comitiva. Chega ao lugar e nada encontra. Apavorado pensa dar cabo à vida. Numa visão poética incrível que passa pelo reflexo das três-marias nas águas do manancial que lhe evocam os filhos e a família. O cusco que lhe lambe a mão. O zaino que, com seu relincho, rompe-lhe a catarse depressiva que o leva aos limites do suicídio. Recupera-se e já, dono de si, relevando o valor dos bens materiais, assume numa contabilidade hipotética o valor da vida e dons bens do espírito, que numa partida dobrada zeram seu patrimônio, aurido com tanto custo e trabalho, mas que, no entanto, lhe devolvem o sentimento de honra. A galope, apeia na frente da fazenda, encontrando a mesma comitiva e lá, “em cima da mesa, a chaleira, e ao lado dela, enroscada, como uma jararaca ressolana, a guaiaca, barriguda, por certo com as trezentas onças, dentro.” O contraste engenhoso de situações de paz com explosões infernais de espírito que vão paradoxalmente da meditação espiritual em consonância com a paisagem até a mortificação da alma que pensa dar cabo de si e renasce através das evocações da própria natureza e dos seres como o zaino e o cusquinho “a lo largo”, gabam a maestria e esmero do contista. Mas o que fica a retinir na mente é esta pérola engastada no conto e que traduz ali e no cenário, a honestidade do gaúcho. A comitiva que encontrou a guaiaca recheada de ouro devolveu o que não era seu. É este arquétipo ancestral e moral que como viga mestre, como um símbolo junguiano atávico, atravessa os milênios e vem habitar a gente do pago também. Assim como Blau lacrimeja copiosamente o leitor também frente às explosões de sentimento que ricocheteiam no conto e por osmose criam uma comunhão entre contista e leitor. Minhas lágrimas foram às mesmas que furtivamente deixei cair sobre o “Livro dos Mortos” retirado do antigo papiro de Nu com seus mais de 5000 anos de história. Lourdes Bacha, em sua obra Escritos do Antigo Egito, retrata a terceira região, por onde peregrina a alma dos mortos, cognominada “A Câmara de Maat”. É ela que descreve que “em frente ao santuário, Horus (por vezes Anubis), apresenta a alma do morto ao julgamento de Osiris. Um pouco mais para a esquerda coloca-se Thot, na função de “Escriba dos Deuses”, com a palheta em punho, pronto a anotar as palavras a serem pronunciadas pela alma. A seguir está ilustrado o ponto focal de toda a cena: dominando o espaço está uma grande balança, que é Maat, a Verdade\Justiça, o Equilíbrio, a Ordem, a Harmonia. A Balança de Maat era um dos signos do Zodíaco egípcio, associada à Maat/Isis/Vênus, que depois, ao ser transplantado para o Ocidente pelos gregos, passou a determinar o signo de Libra.” Nesta câmara o morto recitava um dos textos mais conhecidos da liturgia egípcia que era a chamada “Confissão Negativa a Maat” com suas 42 exortações aos 42 deuses. Lourdes Bacha através da nota de rodapé afirma que Moisés, cujo nome egípcio era Asar foi iniciado nos mistérios em Heliópolis e que ao levar os conhecimentos adquiridos ao povo judeu, sintetizou a confissão negativa egípcia nos dez mandamentos. Cito a esmo e fora de ordem alguns, como:
Não fiz mal a Humanidade;
Não apresentei meu nome para honrarias;
Não maltratei criados;
Não causei dor;
Não fiz nenhum homem passar fome;
Não fiz ninguém chorar;
Não pratiquei homicídio;
Não acrescentei, nem roubei, com fraude…
Não mexi nos pesos da balança para enganar o vendedor;
Não tirei o leite da boca das crianças;
Não levei o gado que estava em seus pastos;
Sou puro de voz! Sou puro de voz”
Este é o texto atávico, que como um arquétipo, aquele estudado por Yung, como um efeito João de Barro – o pássaro não fala, no entanto, transmite por gerações a sua habilidade de fazer um ninho tão engenhoso – assim como o ser humano, na intimidade de sua subjetividade, tem estes conteúdos ancestrais que se transmitem pelos milênios e fazem a liga áurea moral que solda a sociedade humana. Simões Lopes Neto e seu personagem Blau Nunes, são puros de voz também e deixam seu testemunho resgatando este cerne moral. Reinhart Koselleck em sua obra “Crítica e crise” afirma que Turgot ao invocar a consciência humana e postular a subordinação da política à moral…afirmando…que a legitimidade moral é, por assim dizer, o esqueleto político invisível sobre o qual a sociedade se ergueu…” Assim é que estes elos que estavam já acompanhando a gênese da psique da humanidade, retratados pelo papiro de Nu há mais de 5000 anos atrás, como arquétipos culturais estão presentes na literatura de Simões Lopes Neto e comparecem, ataviados e pilchados na paisagem e com os laivos do jargão pampeano, o fulcro vivo do que foi, do que é e do que será sempre ser honesto na história da humanidade. Simões Lopes e Blau dão este seu testemunho sob o cintilar das três-marias espelhadas na superfície do manancial que é o reflexo da própria alma do gaúcho. Nestes tempos pós-modernos do século XXI turvados e turbados pelas ignomínias dos escândalos públicos como este do mensalão está a mensagem de Blau e de Simões a retificar e reconduzir o reto e justo caminho. Em sessão da Academia Rio-Grandense de Letras reproduzi perante os Acadêmicos, presente na sessão o ilustre historiador Moacyr Flores, que em programa de debates em uma grande rádio de Porto Alegre, confrontado por um político ele teria dito que o micro cosmos da política, refletia o macro-cosmos da Sociedade Civil em termos éticos. Justificava assim o processo e a recidiva da eclosão de mazelas na área pública. Moacyr Flores, com uma presença de espírito incrível, contestou esta imagem retificando-a, em termos científicos, nos seguintes termos: A imagem do espelho é, como processo de física, uma imagem sempre invertida. Assim é que a metáfora utilizada pelo político é um engodo pois o Povo e a Sociedade Civil são e permanecem honestos e desonestos são estes, que numa imagem invertida do bem, reproduzem só o mal através da eclosão persistente dos escândalos na esfera pública. Deveriam estes políticos, além de serem condenados pelos tribunais, pelo Supremo e, pelo Ministro Joaquim Barbosa, terem, além da pena, não a condenação, mas o benefício de lerem Trezentas Onças. Em pesquisa feita no Mister Google, a fim de atestar a hombridade disseminada da Sociedade Civil e do Povo e comprovar que ali continua engastada esta milenar pérola moral atávica, arquétipo social humano, retratada nos verdadeiros altares semióticos desenhados por Simões Lopes Neto: No ato individual da guarda: O manancial, a pedra e sobre ela a guaiaca recheada de onças e guardando-a, o cinto das armas. Incólume. No ato social da manutenção: A mesa, a chaleira, e ao lado, ainda incólume, justa e perfeita, a guaiaca recheada, não com 100, nem com 200, mas com três centenas de onças. A mesa é onde se reparte o pão e que dá origem léxica a palavra companheiro que vem de “cum pagni” ou aquele com que se reparte o pão. Companheiro e Irmão. É o arquétipo da norma justa introjetada na psique humana e regendo os atos dos mortais e dos imortais como relata o fragmento de Píndaro que afirma que a norma reina sobre todas as coisas.” É este o saber que se projeta de forma ancestral nos ensinamentos de Ulpiano, no Digesto, nas fórmulas imorredouras do “Honeste vivere”(Viver honestamente); “Alterum non laedere” (Não lesar os outros); “Suum cuique tribuere” (Dar a cada um o que é seu). É este o saber milenar retratado por Simões Lopes em seu povo, o gaúcho, mas que é um acervo e um valor disseminado entre todo o povo brasileiro. Pois o conto trezentas onças continua a se reproduzir na saga da vida contada, ainda nos fogos de chão, mas já também na grande mídia como retratam os fatos reais contados por estas manchetes que colhi em pesquisa na Internet:
1 – FAXINEIRO DEVOLVE MALETA DE DÓLARES NO AEROPORTO DE BRASÍLIA – http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/06/06/interna_cidadesdf,305909/empregado-do-aeroporto-que-devolveu-maleta-com-dolares-tem-salario-reduzido.shtml
2 – FUNCIONÁRIA DEVOLVE DINHEIRO EM SOROCABA – http://globotv.globo.com/tv-tem-interior-sp/tem-noticias-1a-edicao-sorocabajundiai/v/mulher-devolve-maleta-encontrada-com-mais-de-r-20-mil-em-sorocaba-sp/1983574/
3 – MOTORISTA DE TÁXI DE SANTIAGO DO BOQUEIRÃO RS – DEVOLVE MALETA COM DINHEIRO DE MÉDICO
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2012/08/medico-esquece-r-20-mil-em-taxi-no-rs-e-motorista-devolve-dinheiro.html
4 – SERVENTE DE AEROPORTO ENCONTRO 24.000 E DEVOLVE AO DONO:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2012/02/servente-de-aeroporto-encontra-r-24-mil-e-devolve-ao-dono-no-rs.html
5 – GUARDA MUNICIPAL DEVOLVE IMPORTÂNCIA AO DONO
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/06/29/guarda-municipal-devolve-bolsa-com-r-20-mil-a-dono-esquecido-em-sorocaba-sp.htm
6 – DOIS MORADORES DE RUA DEVOLVEM DINHEIRO http://www.youtube.com/watch?v=cB3CCzyG5f4

OS REIS DA GREVE SÃO CONTRA A GREVE – Uma homenagem aos meus colegas da polícia federal que permanecem firmes na trincheira!!!

Este artigo eu escrevi com o foco em Lula, no entanto, hoje, poderia trocar o título para OS REIS DA GREVE SÃO CONTRA A GREVE. Tanto Lula como Dilma nasceram na prática do contra, literalmente na contramão do regime. Na permanência desta postura é que galgaram as posições que desfrutaram ou ora desfrutam, titulares do poder maior. Ficaram, comparando-se seus patrimônios com os dos cidadãos comuns, bem dizer ricos através do discurso “do contra”. No poder, inverteram suas posturas como a tese defendida pela velha e antiga chamada “análise transacional” cujo best seller, “Eu estou OK. Você está OK?” desnudava a hipocrisia de suas atuais posições. Leia o texto que permanece atual inclusive para enquadrar a “Presidenta.” Hoje, no Brasil, temos um legítimo governo “nacional socialista pluriracial”. Sim é um regime pleno de sincretismo político pois invertendo a teoria racial de Hitler utiliza-se do mesmo tipo de aliança com o grande capital industrial, v.g., Thyssen Krupp, desonerando impostos e tributos e inclusive rebaixando o preço da energia diretamente para os acionistas e grandes potentados usufruam do repasse do capital público diretamente para suas bruacas privadas. Acho que os trabalhadores públicos e privados devem ter na memória, na hora do voto, a consciência de saber para quem estas figuras realmente governam pois no momento do convencimento e do proselitismo político clamam em nome do povo e dos trabalhadores mas, na hora do governo real, continuam com a velha política conhecida de “socializar prejuízos e privatizar os lucros”. Os municípios e estados da federação quando descobrirem que o rebaixe da energia afetará suas receitas, também perderão seu sono e sorriso como nós trabalhadores públicos já perdemos nossas ilusões nestas lideranças camaleônicas. Acompanhem a atualidade do artigo abaixo:
O REI DA GREVE É CONTRA A GREVE!

Imaginem Roberto Carlos contra o iê-iê-iê, ou Pelé contra a marcação de gols ou, ainda, a rainha Xuxa contra os baixinhos. Impossível, pois todos eles foram parar onde estão coroados, por fazerem exatamente o que sempre fizeram. No entanto há um soberano que, por ter sido rei da greve, hoje está presidente. É ele o Excelentíssimo Senhor Luiz Inácio Lula da Silva. O rei da greve, hoje, é contra a greve. Não necessita ser adulto e maduro para inferir, pois qualquer súdito da Xuxa, na inocência dos seus 5 anos, provocado, concluiria: O Rei Roberto, a rainha Xuxa e o rei Pelé, são coerentes. O ex-Rei Lula, não é.

Muitos jovens, através dos exemplos ministrados por figuras públicas já concluíram, destroçando sua formação, que a coerência que existe para uns, para outros é mero aparato funcional ou, pode-se dizer assim topográfico. A moral topográfica é aquela de ocasião. Pode ser trocada como a indumentária. Na planície o macacão, em casa a samba-canção e no planalto o terno ou jaquetão.

A coerência de usar a incoerência teve seu precedente em FHC, quando exclamou: Esqueçam o que escrevi. Passando a fazer tudo ao contrário.

Poder-se-ia concluir, que a regra de coerência, quando é aplicável a pessoas comuns, funciona. Mas, quando aplicada à função de Presidente, excepcionalmente, não funciona. Ali, nestes últimos tempos, todos traem seus ideais. A lógica, cotejada com os fatos, é irretorquível.

Há um adágio popular que reza “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.” Ele demonstra cabalmente que a sabedoria popular, já de há muito, identificara a hipocrisia da ética da incoerência.

No fosso profundo que medeia entre dizer e fazer e vice-versa, o governo Lula não é como o de Fernando Henrique, na única coisa que distingue seu governo do dele, pois Fernando Henrique fez contra o que disse e, Lula, ao contrário, diz contra o que sempre fez.

Sérgio Borja – Professor de Direito

AVALIAÇÃO DE ESCOLAS ESTADO GAÚCHO TERÁ SISTEMA DE AVALIAÇÃO na falta de investimentos nos salários dos professores e na construção de escolas as políticas do PSDB de FHC e do PT de Tarso, embora se digam antípodas políticos, se assemelham ao estabelecer um dispositivo camuflado para controlar a eclosão de greves contra a situação calamitosa da educação pública.

PROVÃO: a melhor defesa é o ataque. (Artigo publicado em 1997 contra FHC)

Prof. Sérgio Augusto Pereira de Borja

Nada é dado pelo estado sem que antes tenha sido retirado da sociedade. Certamente o presidente americano, autor desta frase, não deparou no seu primeiro lampejo cerebral, com o amplo, atual e explosivo sentido contido no seu conteúdo. A leitura conceitual não se restringe somente a sua conotação econômico-financeira em sentido tributário, ela vai muito mais além. Um modelo constitucional liberal típico possui dois capítulos. Um dedicado às franquias seja, a parte dogmática que disciplina os direitos e garantias individuais e coletivos criando um escudo de exclusão frente ao estado, desenhando portanto as fronteiras da sociedade civil, e outro, que cria ,estrutura e regulamenta o funcionamento do estado, seja, a parte orgânica da constituição. A fronteira entre a parte dogmática da constituição e a atividade de sua parte orgânica é delimitada pelo princípio da legalidade dispondo que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei,sendo que até pouco tempo este era constituído de sanções negativas ou ditas de proibição. No entanto o estado moderno cresceu e ultrapassando até mesmo suas funções protetoras(direitos econômicos e sociais) alastrou sua atividade reguladora. É o fenômeno identificado pelo eminente professor Tércio Sampaio Ferraz Jr que ao apresentar a obra de Norberto Bobbio, Teoria do Ordenamento Jurídico, identifica no pensamento daquele autor o surgimento das normas chamadas positivas ou de função promocional. Assim, na forma clássica “quando o ordenamento de função repressiva e protetora procura “provocar” certas condutas, atua sempre de uma forma negativa: prevalece a técnica do desencorajamento. Já o ordenamento promocional vai muito adiante, uma vez que, neste caso, a técnica típica é “positiva”, isto é, o encorajamento de certas condutas que, para se produzirem, necessitam das sanções também ditas premiais.”(opus citae fls.13)

Este fenômeno é transposto atualmente para a realidade legal e econômica brasileira de forma completamente desfigurada. A atividade promocional do estado ao invés de premiar o cidadão na sua atividade legiferante, ao contrário pune, pois passa a invadir, indebitamente, o cerne do próprio estado de direito seja, a esfera dos direitos e garantias inalienáveis. O governo, “surfando” sobre o influxo da economia global virtual(hot money) ,se esquece dos princípios de economia real(física), isto é, em vez de aplicar em sua infra-estrutura logística no concernente as suas finalidades com relação à segurança, saúde e educação, desvia seus ativos direcionando-os para equacionar seus problemas financeiros na área bancária, monetária e cambial(déficits públicos) ou mesmo para investir diretamente em multinacionais, como é o caso aqui no nosso Estado (GM/FORD) . Assim, nesta razão, com o corpo transformado em verdadeira sucata, com o cérebro governamental isolado em gabinetes e dissociado da profunda crise social,não podendo suprir a demanda sepulta-a através de leis que devolvem problemas para a sociedade civil. Invertendo a demanda usa o ataque como defesa. A pletora de leis recentemente aprovadas comprova a tese e que esta não se restringe somente ao “provão” sobre os cursos, mas, face ao amplo leque de assuntos regulados, a um verdadeiro “provão” que traduz seu real significado semântico como provação a que está sujeita a Sociedade Civil. São exemplos: Lei nº9.131/95 e decreto 2.026/96 que institui e regulamenta o malfadado provão; Lei 9.307/96 que regulamenta a arbitragem; Lei 9.434/97 sobre doação presumida de órgãos; lei 9.437/97 do desarmamento. Com relação ao provão referente aos cursos é evidente a estratégia governamental. Possuindo um parque de universidades completamente sucateado pela falta de investimentos básicos e não podendo pagar condignamente professores e funcionários para manter o ensino público, visava num primeiro momento, com a instituição do provão ,desmoralizar o sistema buscando sua imediata privatização. Ledo engano pois, malgradas as deficiências materiais, o sistema de mérito que vige no sistema público de ensino provou que seleciona através do concurso público de docentes e de discentes (vestibular), através dos graus e classificações obtidas, um alto nível de proficiência e aproveitamento. Literalmente o sistema nacional de ensino é ortodoxamente platônico pois com os salários congelados por mais de três anos segue as premissas estabelecidas por Platão que afirmava que tanto professores como militares deveriam viver com o ouro e a prata da alma que receberam dos deuses, para que não se contaminassem com o ouro ímpio dos homens. Ironicamente a ascese a que estão submetidos mestres e alunos, apesar das crônicas deficiências materiais, comprovadamente exalta o espírito.Não analisaremos aqui a burlesca petição de princípio implementada através da instituição de provas sobre provas. Prova para admissão (vestibular); provas mensais de aferição; provas finais semestrais; provas de trabalho de conclusão de curso; provas posteriores para admissão em órgão de classe; provas de admissão para exercício do cargo; acrescidas do provão. É de questionar-se: Provão ou provação ! Restará instituir provas anuais para os professores e finalmente sobre aqueles que instituiram o provão. Com certeza os primeiros serão exaltados e os últimos não serão aprovados,nem pelo povo, nem por seus examinadores, em razão de seu flagrante equívoco político estratégico e dos erros cometidos na formulação das questões( prova de direito).

Mas não é somente o sistema de ensino que está sob o provão instituido pelo governo. Também através das demais leis instituiu-se um “provão” para as demais áreas. O sistema de saúde ,anêmico, necessita da prorrogação da lei que institui a CPMF, lei do imposto sobre o cheque; a carência dos bancos de órgãos e do próprio sistema, nesta área, faz com que se aprove uma lei que é uma ignomínia contra os direitos indisponíveis, não só sob o aspecto legal da cidadania mas sob a própria essência e significância do direito natural do ser humano, a instituição da ficção jurídica teratológica da doação tácita de seus órgãos. Na área da justiça e da segurança, da mesma forma perpetra-se o mesmo tipo de invasão da área de disponibilidade da cidadania, pois pretensamente através de lei dispõe-se, numa penada, inconstitucionalmente,contra a garantia da prestação jurisdicional, através do estabelecimento da mediação e arbitragem. Carl Schmitt expressava que a Constituição é a expressão de um sistema fundamental que visa estabelecer a legalidade, competência , controlabilidade e forma judicial. Para ele o ideal pleno do Estado de Direito culmina na conformação judicial geral de toda a vida do Estado. Para toda a espécie de litígios, seja entre as autoridades superiores do Estado, seja entre as autoridades e os particulares, seja entre o Estado Federal e seus membros, haveria de haver um procedimento judicial. Assim também, os Juízes seriam independentes, na razão direta que houvesse também regras gerais fixadas de antemão. Só a validez de uma regra dá força a decisão judicial. Ali aonde falta esta regra, pode-se falar, em suma, de um procedimento de mediação, cuja autoridade prática depende da autoridade do mediador. Se a importância da proposta de mediação depende do poder do mediador, então não há mediação autêntica, senão uma decisão política mais ou menos equânime. O Juiz , como tal, não pode ter nunca um poder de autoridade independente da validez da Lei. Um mediador ou um comprador podem gozar, inclusive sem poder político, de uma autoridade pessoal mais ou menos grande, mas somente sob um duplo pressuposto de que, primeiro, às partes litigantes sejam comuns certas idéias de equidade, decência, ou certas premissas morais, e segundo, que as contraposições não tenham alcançado um grau extremo de intensidade. (Schmitt – Teoria General de la Constitución – fls. 190) A política econômica recessiva que causa inadimplência, quebras e desempregos aliada ao sucateamento crônico das polícias, faz eclodir a violência rural e urbana em níveis ameaçadores. No entanto não se desarmam os bandidos reais. A cidadania já ameaçada pela delinquência normal, passa a ser ameaçada pelo estado, com a instituição da ficção do crime tácito de possuir arma sem cadastro. Este é o “provão” porque passa o povo brasileiro sob o governo de Dom FFHHCC.Quosque tandem Catilina abutere patientia nostra.

prof. Sérgio Borja, 47 anos
e-mail: borja@pro.via-rs.com.br
Professor de Direito Constitucional da PUC/RS
Professor de Instituições de Direito Privado e Comercial da UFRGS.
residência: tel/fax: (051) 2 23 26 10
profissional: tel: (051) 316 35 55 – à tarde – Faculdade de Direito
fax: (051) 225 45 89 – Faculdade
Publicado no Jornal do Comércio em 07.11.1997.

O DESMANCHE POLICIAL MILITAR – Um organismo sem anti-corpos está sem imunidade e propenso a perecer sob os ataques eventuais dos vírus ou bactérias…da mesma forma uma nação desarmada é uma nação sem soberania ou que arrisca-se a perde-la…

O DESMANCHE POLICIAL MILITAR

http://www.youtube.com/watch?v=ko5wpwb8WL0&feature=related

(Passaram-se 12 anos desde que escrevi este artigo na Gazeta Mercantil e ele, hoje, perto das eleições continua ainda mais válido com o constante desaparelhamento e sucateamento militar, das brigadas e policial, que vivemos. Nasci em Porto Alegre mas me criei no Alegrete, pequena cidade da fronteira do Rio Grande onde, na praça tem um arco do triunfo que diz: CIVIS PACEM PARA BELLUM! Se queres a paz, prepara-te para a guerra!! Leciono hoje, entre outras disciplinas nas Faculdades de Direito da UFRGS e PUC/RS, Relações Internacionais e ter uma visão REALISTA é ser patriota e consequente com a preservação e a soberania sobre a extenção de mais de 8 milhões de km quadrados. Saboreiem a atualidade deste artigo já com a idade de 12 anos:

“Em pouco tempo estaremos novamente perante as urnas. Além dos itens, saúde, educação, habitação e emprego, os partidos e candidatos serão novamente questionados pelo item segurança. A democracia ,não por ser simplesmente democracia mas por ser uma forma de governo superior a ditadura, deve ter competência para tratar a questão da segurança de forma superior àquela. A sua legitimidade não deve vir do seu discurso mas de uma prática que comprove a sua superioridade histórica perante as demais formas impuras de governo.

A história não tem desmentido Hobbes quando este afirmava que “o homem era o lobo do homem”. Em Roma o templo consagrado a Marte, em mais de dois mil anos, cerrou suas portas somente por um dia. E assim tem sido por todos os séculos a história do homem: Crimes e Guerras. Dostoiewsky, pela boca de Raskolnikov, em Crime e Castigo, numa verdadeira anatomia do delito identificava as patologias, tanto a coletiva como a individual, como síndromes da mesma natureza.

A Democracia tem de aprender a lidar com a truculência, seja ela coletiva ou individual, sem ser militarista e sem tornar-se anti-militar. Os anglo-saxões, malgrado alguns resvalos, tem dado algum exemplo disto. Nenhum outro povo, afora o exemplo dos antigos gregos atenienses, tem conseguido imitá-los.

Um estado, diziam os organicistas como Aristóteles, é como se fora um homem. Um corpo possui funções entre os quais um mecanismo de defesa. Este é o aparelho imunológico, que agredido, produz anti-corpos para bloquear as ameaças tanto externas como internas. A deficiência imunológica é caracterizada como SIDA (Síndrome de Imuno Deficiência Adquirida) que pode levar a falência das atividades vitais.

No Brasil, a Democracia está como se fosse com fagocitose. Num processo de autofagia ela corta sua própria carne acionando um mecanismo patológico de auto-destruição de seu sistema defensivo.

O maniqueísmo alternante, tanto “lá” como “aqui”, respectivamente, no plano federal como no estadual, num processo de rejeição infantil a um fantasma insepulto, reage de forma idêntica tornando atual os adágios:Os assemelhados sempre se encontram ou extremos são iguais.

No plano externo estamos cercados de guerras e guerrilhas por todos os lados. Temos uma dos maiores territórios do globo e uma costa da mesma forma extensa. A cobiça internacional está acesa. No entanto, no âmbito federal, quebra-se a praxe constitucional, já centenária, e impinge-se aos três corpos militares uma unificação ministerial. Coloca-se a tropa, em desvio de função, a fim de combater o narcotráfico e, finalmente, para culminar, aliena-se, através de cláusula secreta, controle acionário de empresa vital para a segurança nacional.

Conflui o âmbito estadual, com o mesmo “viés”, através da política do desarmamento da cidadania e da “unificação policial”. A cidadania vive em presídios cercados de grades e ofendículas e, em ambas esferas, querem soltar os delinqüentes, embora não haja emprego nem para os honestos. O conceito de pacto federativo, num primeiro momento e de forma correta, é hábil para reivindicar a fuga dos tributos, no entanto, num segundo instante, paradoxalmente, para preservar a necessária identidade e funcionalidade da Brigada e da Polícia Civil, falha ferindo de morte a constituição estadual e a federal. Vivemos como se fosse em círculos. Rejeitamos através das urnas uma situação e voltamos logo após ao mesmo ponto. O discurso eleitoreiro de ambos os contendores é esquizofrênico pois assumido o poder a sua funcionalidade é idêntica no tratamento de vários assuntos. Um exemplo é a passividade permissiva de ambos no trato da invasão de terras.

Em nome da Democracia e para banir definitivamente a possibilidade do revanche da miragem da Ditadura, não se consulta ao povo e nem, em face da gravidade dos assuntos, se pensa em submete-lo ao voto plebiscitário.

O certo é que não passa despercebida da opinião pública uma conotação, prenhe de proselitismo, em que os partidos, hóspedes temporários do governo, estão a demolir instituições constitucionais centenárias a fim de, aparelhando o poder, aboletar-se definitivamente rumo à solução final de seu maniqueísmo, malgrado a maioria não pretender nem morrer no fogo, muito menos na água.”

SÉRGIO BORJA – PROFESSOR DE DIREITO CONSTITUCIONAL.

GAZETA MERCANTIL DO RIO GRANDE DO SUL – EM 28.02.2000 – SEGUNDA-FEIRA

http://www.youtube.com/watch?v=ko5wpwb8WL0&feature=related

UM JULGAMENTO ATUAL PARA LULA A FIM DE SANEAR SEU IMPEACHMENT

UM JULGAMENTO ATUAL PARA LULA A FIM DE SANEAR SEU IMPEACHMENT!!
Com a denúncia feita por Marcos Valério e publicada pela revista Veja voltou à pauta jornalística e ao foco da curiosidade da cidadania o tema: Por que o Impeachment de Lula não foi feito na época? Por que só agora depois do transcurso de sete (7) anos é que começam a perquirir da responsabilidade deste homem? O Ministério Público e a Receita Federal não farão nada sobre a publicação da Forbes, revista americana, que faz uma verdadeira acusação sobre Lula, incluindo-o entre os bilionários do mundo? Eu fiz a petição de impeachment deste senhor e na ocasião o Sr. Aldo Rebelo, que era o Presidente da Câmara dos Deputados, indeferiu a petição. Entrei com mandado de segurança contra o ato perante o Supremo Tribunal Federal e o processo foi despachado pelo ministro Joaquim Barbosa, denegando o andamento da ação. Tendo experiência, de 28 anos como professor de Direito Constitucional e havendo labutado na UNISINOS, e estando ainda em atividade, como professor de direito nas Faculdades de Direito da PUC/RS e UFRGS e ainda tendo escrito um livro sob o tema IMPEACHMENT e com a experiência prática de ter feito os processos contra FERNANDO COLLOR DE MELLO (fui o primeiro a propor o processo), contra LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, contra NELSON JOBIM, na ocasião Presidente do Supremo Tribunal Federal, pedido de impeachment contra o Ministro do Trabalho CARLOS LUPI e Ação Popular contra o Ministro PALOCCI, conclui, ao longos destes anos todos, com a idade madura de 62 anos, que o processo de IMPEACHMENT no Brasil não funciona. Ele está travado institucionalmente. Nós já martelamos em cima dessa temática provando que a Constituição de 88 faz com que o Presidente só governe com maioria e esta está inserida dentro do Executivo através do Conselho da República e o Conselho de Defesa, que embora não vinculem o presidente, lhe dão uma sintonia fina com o controle político exercido pelo Congresso. O sistema de ballottage ou duplo turno francês que veio para o bem travou ainda mais terminando por engessar os mecanismos de freios e contrapesos pois, relativiza sobremaneira o princípio republicano fazendo com que, através das coligações do segundo turno, o aparato republicano sofra um processo de fusão de seu núcleo duro inutilizando os controles recíprocos entre as funções do poder fazendo que elas fundindo-se criem um macro poder agregado incontestável. É o fisiologismo puro que cria um único partido no poder que se projeta no Executivo está na sua maioria apoiadora no Legislativo e é indicada por este bloco monolítico, do Executivo em consonância com o Legislativo, na forma de Ministros e Juízes componentes das cortes superioras da república e dos membros dos Tribunais de Contas da União espargindo-se num processo de disseminação sistêmica, por todo o pacto federativo, nos estados e nos municípios da federação como uma verdadeira teia monolítica de interesses altamente agregados. Esta imagem cruel pode ser reproduzida na foto notória em que Lula, abraça e aperta, em amplexo fraterno, os seus ex-arqui-inimigos Sarney e Collor. O que justificou exatamente a manutenção de Lula no poder na época? Se comparando o desvio de dinheiro privado e público detectado através do julgamento do mensalão fica atestado que o caso Collor era um caso formiga ou nano?!!!! Eu, como professor e como pensador fui sempre aficionado e defensor do PRESIDENCIALISMO mas constatando o nível de adulteração do sistema constitucional e o seu travamento institucional, pois o líder do governo, seja na Câmara, seja no Senado é o defensor mor, o goleiro mor, o arquivador mor da república!! Por eles, através dos despachos mais estapafúrdios e sem conteúdo jurídico algum – ao modo como: Vá ver se eu estou lá na esquina!!! – inviabilizam os pedidos e processos de controle através da cidadania ativa. Fica a pergunta feita por Norberto Bobbio – Quem controla os Controladores?! Ninguém pois embora tendo um legítimo arsenal de ações para utiliza-las neste desiderato elas são, inobstante, pelo sistema de corrosão da república vigente, totalmente inócuas. O sistema de impeachment tendo uma tradição de mais de 100 anos no constitucionalismo pátrio foi utilizado uma única vez com resultado: o de Collor. Por que Collor foi para o saco e Lula não?! Qual o tipo de diferença entre ambos se os valores colocados em cotejo são muito diferenciados. Collor não foi condenado e foi acusado por um valor que não passava de 3 milhões de dólares. Lula, através de seu governo e desta quadrilha que trabalhava sob o manto da presidência, atualmente desvendada no processo da ação 470 no Supremo, pois ele, na ocasião em que se deram estes fatos que agora estão sendo julgados nunca demitiu ao escutar a primeira denúncia, resistia até o fim e só apeava do poder em última instância. Os valores ultrapassam em números existentes nos processos e nas CPis a mais de 400 milhões de dólares que agora o arquivo vivo, Marcos Valériao, diz, em confissão a revista Veja, ultrapassar ao dobro da quantia!!! Outro problema, com relação ao processo de Impeachment, além do travamento institucional e político do procedimento é a cultura dos partidos e do povo. Quando estava quase para ser deflagrado o processo de impeachment de Lula sua claque saiu para a rua e começou a gritar: Golpe!!! Golpe!!! Ao modo que continua a gritar e clamar e, isto funciona, por ser similar ao caso de seu patrão e caudilho, contra o impeachment legal e constitucional de Lugo no Paraguai, dizendo que foi um golpe o que foi feito de forma democrática e constitucional. Pois, eu, como professor de direito constitucional, afirmo terminantemente, que se um Presidente da república não tivesse apoiamento no Congresso Nacional, seu processo seria tanto ou mais rápido do que o de Lugo pois com o affair Collor de Mello, através do voto do Ministro Paulo Brossard, alterou-se a interpretação da Lei 1079 de 1950, que foi feita para regular o impeachment na Constituição de 1946 e recepcionada pelo sistema constitucional de 1988, em parte, pois, por força do affair Collor, o Supremo Tribunal Federal, interpretando, decidiu no sentido de suprimir a parte da lei 1079 que ensejava dois momentos na Câmara de Deputados. O primeiro quando o Presidente da Câmara, recebendo a petição denunciando o Presidente fazia a denúncia ser apreciada por uma Comissão paritária, com representação de todos os partidos, que a modo de um inquérito policial, de forma inquisitória, sem haver nesta fase contraditório, verificaria da existência ou não dos fatos denunciados. Posteriormente, convicta da existência destes fatos ilícitos denunciados remeteria para uma segunda Comissão Parlamentar, que já como julgadora, como Juiz do caso, pronunciar-se-ia através de um procedimento contraditório, em que o acusado forneceria e produziria sua defesa. Ultrapassadas estas fases e ainda convicta esta última Comissão, como juiz do caso, remeteria seu relatório para apreciação do plenário da Câmara que o apreciando votaria pela autorização ou não do julgamento do Presidente pelo Senado da República presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Todas estas fases, no affair Collor de Mello foram suprimidas e o processo de impeachment, que era um procedimento com certa jaez jurídica, transformou-se num processo eminentemente célere e de cunho notadamente político. Paradoxalmente, embora os institutos legais, seja a Constituição de 88 e a lei 1079 de 1950, reinterpretados pelo Supremo e pela práxis adotada pela Câmara transformassem o processo de impeachment mais fácil e mais célere, por que Lula não foi julgado?! Porque seu processo emperrou? Por que sete (7) anos depois é que começam a afluir informações, de público, que já estavam no relatório de mais de 5000 páginas, que tenho arquivo, produzido pela CPI dos correios e que é de domínio público?!!! Foi neste arquivo que baseei meu pedido de impeachment abaixo. Do alto da minha experiência de 62 anos de profissão, não posso dar um atestado de eterno idealista ingênuo!!! Não posso continuar a ver somente no modelo institucional e só nele, que também é impeditivo, o processo de travamento do processo de impeachment! As fotografias notórias desta coligação e confraria imperante na República através de lideranças que antes eram arqui-inimigas e que hoje posam dando-se abraços fraternos, sim, é esta irmandade de interesses, que azeitando a máquina ou travando-a cria o processo, que para nós é aético, amoral, mas no entanto, para estes que ultrapassaram a barreira do som e não são condicionados a nenhum parâmetro senão os seus próprios apetites inconfessáveis, sim, são eles que travam, através de acordos de bastidores, propiciando a “governabilidade” do manda quem pode e obedece quem precisa, do aforisma castilhista ainda em voga em recintos onde a casa do ferreiro tem espeto de pau e que ditam que os rigores da lei são para seus inimigos e as benesses da lei são para seu amigos. Eu, com meus 62 anos de maturidade, no fundo no fundo, acho que o pessoal mandou o Lula ficar viajando, governando num espetáculo feérico lá fora, com o Chavez, com o Ahmadinejad, com o Fidel e Cia Ltda., mas no entanto, como “rei” que “reina mas não governa”. A primeira ministra era Dilma na chefia da Casa Civil. Foi este, para mim, o pacto entre as excelências, como Raimundo Faoro apelidava “Os Donos do Poder”. Este pacto propiciou através do “jeitinho brasileiro” que dribla impeachment e processos, o exercício “democrático” de poder, sem “golpes” como quer a choldra da claque fanática apoiadora. Agora, isolado e longe do poder, inevitavelmente a bem de manter-se a república, e o regime da igualdade, pois todo o que delinque há de responder, não só ladrões de galinha mas também grandes escroques, da mesma forma. Assim, com o acúmulo de suspeitas que se agigantam e se acumulam, através do que foi coligido na CPI dos Correios e através ainda das novas denúncias, como as feitas por Marcos Valério, nos últimos dias de forma notória perante a revista Veja, é de, sem sombra de dúvida, já longe do poder e da possibilidade de causar crises, venham a ser verificadas pelas autoridades constituídas a suspeitas veementes existentes pois, como diz o velho provérbio popular “onde há fumaça, sempre há fogo!!!” Deve assim, o ex-presidente, a bem da coerência com relação a aplicação da lei, da justiça e dos sistemas que monitoram o enriquecimento das pessoas, como somos submetidos todos nós, também o ex-presidente, de forma idêntica ser submetido a este tipo de escaneamento de suas atividades para que elucide-se sobre a honestidade e isenção da mesma, em benefício de sua própria imagem, declarando-se, se for o caso, sua plena inocência de forma irretorquível ou sua culpabilidade com as penas concernentes ao crimes, eventualmente cometidos. Só assim as pessoas e a cidadania vão ter confiabilidade num sistema jurídico que lhes dará segurança, pois que submete todos aos seus valores solidificando-se assim, para futuro, a república e a democracia.

ARQUIVOS DO MAL OU DO BEM?! Uma pérola lançada a esmo no FACEBOOK esquecida ao léu…

  • CLUBE MILITAR – http://www.clubemilitar.com.br/     OS ARQUIVOS DO BEM Quando li o Flávio Tavares dizendo que “o governo nos condena a desconhecer a História e ignorar a verdade dos 21 anos ditatoriais” sob o título “Os arquivos do mal,” lembrei instantaneamente do título de Charles Baudelaire, “As Flores do Mal.” Baudelaire, em seu verso 25 em advertência ao leitor, canta que “se o veneno, a paixão, o estupro, a punhalada,\não bordaram ainda com desenhos finos\a trama vã de nossos míseros destinos,\é que nossa alma arriscou pouco ou quase nada.” O Brasil inteiro é testemunha de que Flávio Tavares, em determinada fase de sua vida, a da ditadura, por ideal, arriscou tudo inclusive a própria vida. Eu, em 1964, tinha 14 anos. Era um menino. Em 1969, quando Flávio Tavares, junto com outros guerrilheiros, terroristas e ativistas, posando em foto histórica, foi trocado pelo embaixador americano Charles Elbrick, seqüestrado para tanto, eu, em novembro, recém havia completado 19 anos e também ingressara na Faculdade de Direito. Ortega y Gasset afirma que “o homem é sua circunstância.” Minha geração e as que se seguiram, dentro de sua circunstância, ajudaram a construir o Estado Democrático de Direito. Quando Brizola voltou para organizar seu partido eu estava lá, minha inscrição era a de nº110, e eu vi o Flávio Tavares em algumas reuniões naquela época. Eu na Juventude Socialista convivia com o Pedro Ruas, o Arnaldo Guimarães, com o Minhoca “De Ré”, com o Dinho Daut e a Nereida Brizola. Meu colega de direito, o Índio Vargas, também estava lá. Eu trabalhava junto com a turma do Carlos Franklin Paixão de Araújo. Muitas vezes fui em sua casa na zona sul e inclusive conheci a Dilma Roussef.  Quando o Brizola fechou com a ARENA, para disputar o governo do estado sob o comando do companheiro Aldo Pinto, eu, de forma coerente sai do PDT e fui fundar outra agremiação. Uni-me ao Petracco, ao Pilla Vares, ao Newton Burmeister, ao Jair Kritscke,  aos “Prestistas” de Passo Fundo e ao Beto Albuquerque, para fundar o PSB. Minha inscrição nesta agremiação era de nº10. Da mesma forma, em várias reuniões, ali na sede do Partido, na Galeria Chaves, vi o Flávio Tavares, os Pinheiro Machado, e outras figuras históricas. Em todas oportunidades, como militante comum ou mesmo candidato, participei, ao lado da esquerda, na caminhada que nos trouxe até aqui. Os vai e vens da política me fizeram ao longo da trajetória voltar ao PDT. Lá estava a velha matriz do pensamento trabalhista que ministrava, nas palavras de Vargas, “somos a meia estação entre o capitalismo e o socialismo” a promessa auferida empiricamente através de minha maturidade, hoje ornada pelos meus 60 anos, e mais, pela realidade que irradia de forma incontrastável através do exemplo europeu, que unindo Leste e Oeste, sepulta de vez a guerra fria e, através de uma social democracia real, projetada através dos vetores jurídicos constitucionais do Tratado de Lisboa, retrata a União Européia, como um macro estado pós-nacional unido por uma nova concepção de federação. Ora, a Europa julgou em Nuremberg, no mesmo ano que terminou a guerra, todos os criminosos nazi-facistas. Eu cheguei depois do Flávio e já sou idoso. Imagine-se em relação a ambos os campos, seja direita ou esquerda, qual a idade dos antigos contendores? Ou são defuntos e múmias petrificadas, ou então, autênticos e encarquilhados “maracujás de gaveta”. Fico com Cristo e viro a outra face à bofetada do passado. Juridicamente a condição de os adversários julgarem seus oponentes enseja o que se qualifica como suspeição. Em política, pode ter o nome de intolerância, revanchismo ou parcialidade. De mais a mais, usando de coerência tanto a tortura como o terrorismo ou seqüestro, são todos crimes imprescritíveis e hediondos. Nesta lógica não haveria inocentes em ambas as alas.  A guerra fria, do século XX terminou como a cognominada Era dos Extremos, de Eric Hobsbawm. Não vamos internalizá-la no Brasil do Século XXI onde teremos a Copa, a Olimpíada e o já factível “Milagre Brasileiro de Lula.” Não vamos construir o paradoxo do Juiz Baltasar Garzón, representante da Soberania da mesma Espanha que produziu Franco e Torquemada, arrogando-se paradoxalmente o direito de julgar o tirano Pinochet. Vamos sim, construir novas pontes para substituir as construídas pelas Ditaduras, que já estão a ruir com as cheias. Vamos construir novas estradas, escolas, hospitais, usinas hidroelétricas e novos presídios, pois os das Ditaduras, de Vargas e dos Militares, usados pela Democracia, por estes já mais de 21 anos, estão todos decrépitos e caindo ou foram vendidos (PRIVATIZADOS) pela mesma e até agora não foram substituídos. Vamos construir o futuro companheiros!!! Eu sou daqueles muitos anônimos e desconhecidos que vim até aqui mas, não mais os acompanharei, se for para calar a Imprensa, suprimir o direito dos proprietários rurais ou urbanos e implantar uma hegemonia unilateral extirpando a diversidade do pensamento. Idoso, mas sem rugas no espírito, lutarei contra a implantação de eventual ditadura de esquerda, com o mesmo denodo e a coerência que lutei para implodir a ditadura da direita. Não trairei meu ofício de velho professor de Direito Constitucional lutando sempre pelo Estado Democrático de Direito, o império da Lei e de uma Constituição, espelhos supremos da vontade do Povo Soberano. Vamos isto sim, companheiros, construir os Arquivos do Bem!!!    SÉRGIO BORJA – PROFESSOR DE DIREITO DA UFRGS E PUCRS.

A HERANÇA PESADA DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO OU UMA DESCRIÇÃO DO ASSASSÍNIO DA IDEOLOGIA DE GETÚLIO VARGAS.

A HERANÇA PESADA DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ou UMA DESCRIÇÃO DO ASSASSINÍO DA IDEOLOGIA DE GETÚLIO VARGAS

         No dia 02 de setembro, ironicamente na semana da pátria, aquele que foi o responsável direto pela venda de quase todos os ativos nacionais da administração indireta, o Sr. FHC, brindou-nos com um artigo intitulado “Herança pesada”. Assestou suas baterias contra Lula e a atual administração! Fiquei admirado: É o roto falando do amassado! Sim pois o Sr. Fernando Henrique Cardoso foi o artífice do chamado Plano Real. Todo mundo canta em prosa e versa a beleza deste plano pois ele cria, para o bem, uma coisa incrível e digna, ou seja o direito à moeda pelo povo. Um povo que era surrupiado pelo imposto indireto da inflação, de uma hora para outra viu o fruto de seu salário não sofrer a desvalorização que se sujeitava perante a contumácia de uma república que havia institucionalizado a tradição do saque à socapa contra seu povo. Como ninguém prega prego sem estopa da mesma forma com que atribuía o direito à moeda ao povo captava seu voto fiel pelo período em que manteve este direito.

Para o mal, a dívida pública, herança deixada pelos militares que orçava a quantia de 60 bilhões, ao dos dois períodos de seu governo foi multiplicada pela soma astronômica de 750 bilhões de reais dolarizados (o valor equivalente ao de duas guerras do Vietnã gasto pelos americanos até o fim de ano de 2012 estaremos em 2 trilhões de reais ou 1 trilhão de dólares).

Com o congraçamento da maioria hegemônica que tinha no Congresso, pois nosso presidencialismo foi parlamentarizado, ele manteve por dois anos, a custa de reedições de medidas provisórias, sem a existência de lei, o chamado Plano Real, burilado sob a ótica do fato consumado que tornava o Brasil refém de seus atos. Reverter o comando era induzir a um ataque especulativo. Era a política de rumar para o combate e ir derrubando as pontes na retaguarda, para nunca bater em retirada, método antagônico ao prelecionado pelo general chinês Sun Tzu em a Arte da Guerra. Sua política estava concatenada com os entes multilaterais e regionais e obedecia a política urdida por Robert Mundell, premio Nobel da Economia, que esquematizara o processo de concatenação das assimetrias através da conexão da simetria monetária, isto é, dolarização ou o estabelecimento de um verdadeiro programa de currency board. Assim é que na América Latina inteira, sob a influência americana, de sul a norte, pais a pais, foi montado um cenário de simetria monetária. Este modelo induzido pelos americanos, que têm a moeda que é a grife internacional e meio de liquidação hegemônico de todo o comércio mundial, foi adotado antes do estabelecimento da moeda Euro pela União Européia e preventivamente para fazer frente a sua possível concorrência no plano dos negócios internacionais. O problema é que este regime foi estabelecido quando o dólar – com exceção da libra – estava com valor mais alto que todas as demais moedas europeias e, naturalmente, as asiáticas que de longa data praticam dumping monetário ou a politica de “beggar thy neighbor” (Robert Triffin –  O paradoxo do dólar).

Na época, na contramão do pensamento dominante, apresentei vários artigos no Jornal do Comércio e da Gazeta Mercantil do Rio Grande do Sul, ponderando que este plano dos americanos estava errado e da mesma forma o alinhamento feito pelo Plano Cavalo de Menem e o Plano Real de FHC.

Fui considerado por vários jornalistas como um visionário catastrófico pois prometia o colapso do sistema em pouco tempo. O tempo passou e mostrou que não me enganei.

Foi nesta época, em 1998, que formulei a teoria Guerra das Moedas em artigo escrito no Jornal do Comércio e que projetava, para o futuro, a única possibilidade da simetria de Mundell produzir resultados: o estabelecimento de um regime de currency em baixa!!!

No entanto, com exceção da minha pessoa, ninguém visualizava os problemas que se seguiriam e que diuturnamente acusei. Resultado: O projeto de Plano Real que continha em seu bojo o Plano de Liberalização da Economia e a morte do sistema criado pela revolução de trinta varguista, emulada sem arredar uma vírgula pelo regime militar de 64, foi, pelo governo FHC, assestado seu desmonte passando a rifar a venda de todos os ativos da administração indireta e cometendo, depois do suicídio de Vargas, agora o assassínio real de suas ideias e do bloco do constitucionalismo social em que a Constituição de 1988 deveria ser a cúspide de seu aperfeiçoamento histórico. A Cia. Vale do Rio Doce foi vendida pela bagatela de 3 bilhões de reais, o mesmo preço em que no Rio Grande do Sul foi vendida a CEEE.

Sob o pretexto de se quitar a dívida pública. Resultado: Após as vendas de bilhões a privataria cometida além de não ter quitado dívida alguma, terminou o período com uma dívida de 750 bilhões, já referida. O pior em tudo isto foi o crime cometido contra o sistema constitucional pois a maioria hegemônica e comunicante do Congresso e do Executivo, surfando sobre o sucesso inicial do programa Plano Real, quebrou o bloco de constitucionalidade histórica do Brasil fazendo uma emenda constitucional que permitiu a reeleição para os cargos do executivo, na União, estados e municípios. Nem os governos militares se reelegiam.

No entanto a DEMOKRATURA, contrariando a cláusula pétrea republicana e o Poder Constituinte Originário, através de um Poder Constituído ilimitado, conforme dizer confessado por Michel Temmer, líder do governo na Câmara (artigo publicado na Folha de São Paulo em 02.11.1997)…

tornou nossa constituição uma geléia dúctil manuseada pela maioria eventual de plantão que se esteava no sucesso inicial do programa real. Para se reeleger, sem nenhum escrúpulo e sem sofrear nenhum tipo de pudor, como o povo diz, com a maior cara de pau e sem usar óleo de peroba, o Sr. Fernando Henrique Cardoso, ao preço de queimar 70 bilhões de dólares em divisas mostrando através de um escudo de mídia que tudo estava bem no reino de Abrantes, conseguiu se eleger a la Goebels. Eu escrevia aprés moi le déluge…depois de mim o dilúvio…e este veio logo. Para não quebrar o resto que sobrara do país tivemos que lançar a moeda lá para baixo através e uma maxidesvalorização do real que ficou na base de 3×1 com o dólar. Lula, na real, herdou este cenário apocalíptico do Sr. Cardoso, que tem um partido que se chama Partido da Social Democracia mas é a antinomia da mesma pois é Arqui liberal ao modo de Alan Greenspan pois prega a desregulação, a desestatização e o processo de desmonte do estado e seus fins. Foi ele que implantou com Jobim este plano das Agências Estatais que devem zelar pelas áreas de concessão e que não zelam por nada. SEU GOVERNO FOI UMA VERDADEIRA CATÁSTROFE. Eu pessoalmente não sei como ele consegue se apresentar perante o público sem ter vergonha do que fez. Se ele consegue dissimular perante a ignorância da grande maioria da população que não tem estudo, perante a minha pessoa não consegue pois creio inclusive que deveria ser criada uma COMISSÃO DA VERDADE para se ver e apreciar, avaliando detidamente, a venda dos ativos nacionais, pois, mesmo que tenha sido feita através de lei, em que o poder econômico que elege os parlamentares perverte suas vontades que são clonadas, fez com que houvesse verdadeiras doações do patrimônio público para entes privados que são os mesmos que financiam campanhas e que seguem aboletados em conselho prestigiados inclusive por estes esquerdistas de faixada que ocupam hoje o poder. Eles olham para o passado e procuram os milicos. Só não enfrentam o verdadeiro poder que foi denunciado por Thomas Skindmore e outros que desnudou o empresariado e os capitães de indústria que estavam por trás dos militares. As duas alas a de FHC e a de Lula, se merecem mutuamente. Ambas são adesistas. Ambas estiveram exiladas mas ambas são adesistas embora dissintam em algumas coisas. Vivemos um processo de gangorra ou um verdadeiro processo bipolar alternando entre o PT e o PSDB. No entanto o governo é quase que o mesmo.

Pelo menos o processo de privatização feito por FHC, cessou neste governo. As Universidades e vários entes públicos tiveram funcionários nomeados para o seu funcionamento. FHC congelou as nomeações. Fez mais destruiu praticamente, seguindo o que Fernando Collor já havia feito, sucateou o funcionalismo. Destruiu seu plano previdenciário e ainda mais rebaixo o sistema geral de previdência vindo dos governos anteriores.

PESADA COMO CHUMBO É A HERANÇA DESSE ESTILO BOMBÁSTICO DE GOVERNAR DO SR. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, estes que aqui estão, Lula e Dilma tentaram remediar o que o ele fez. Lula com seu cavalo de pau, política que comprimiu o meio circulante, aumentou o depósito compulsório dos bancos, aumentou os juros a uma taxa estratosférica, fazendo com que gradativamente o real tivesse uma apreciação lenta e gradual fornecendo condições para o funcionamento da economia que baixou a taxa de desemprego no governo FHC que era de 25% ao nível dos atuais 7%.

Os erros atuais são de sintonia fina porque – e tenho criticado isto com acidez – fazem correções exageradas e depois tem de reverter os comandos.   Outro problema é a corrupção no governo Lula – eu apresentei um processo de impeachment perante à Câmara.    Não sou eu, portanto, que vou defender o governo Lula. No entanto o governo Dilma, dentro dos condicionamentos da Guerra das Moedas, que grassa lá fora, no frigir dos ovos está indo bem. Ela se esforça e tem acertado como tem errado. Mas não erra quem não faz.

Assim, ao Sr. Fernando Henrique Cardoso eu recomendaria, ao invés de lesar o sistema eleitoral, fazendo propaganda eleitoral através deste artigo, publicado em rede nacional, eu recomendo o silêncio aquele obsequioso recomendado aos heréticos que fazem ou fizeram mal a sua Pátria. Na semana da Pátria ele não deveria dirigir sua palavra ao povo do púlpito e com a importância que ocupa no falar e se manifestar. O faz porque a contestação contra ele é emudecida pois não é dado direito de publicação em contestação.

Quosque tandem Catilina abutere patientia mostra – quantas vezes eu utilizei esta expressão para criticar o regime de Fernando Henrique…é só ver em meus artigos publicados no antigo site da Faculdade de Direito…