A CHINA, JUAN DOMINGO PERÓN E EDUARDO BOLSONARO!

Quando lemos ou escutamos ao deputado Eduardo Bolsonaro é de relembrar estrategicamente a colocação de Perón, prócer argentino, sobre a inserção da América do Sul num planeta carente de matérias primas e com problemas de superpopulação e poluição pois o deputado, com uma visão nacionalista, visa proteger o Brasil frente as ameaças da China Comunista que está paulatinamente invadindo o continente americano do sul em busca de matérias primas para alimentar sua therapopulação e também colocar a sua nova tecnologia 5G e 6G através de sua multinacional Huawei. O Covid19 seria a ponta de lança de uma nova modalidade tecnológica de guerra em que se mesclam ataques de virus consorciados com possível reengenharia comportamental de adaptação e sujeição total às novas tecnologias 5 e 6G que eliminam as garantias e franquias constitucionais de ajuntamentos, comícios, feiras, comércio, shoppings, substituindo o varejo e o atacado por venda online e.com???? A teoria de Raul Prebisch grande economista argentino burilada na CEPAL nos anos 50 intitulada CENTRO PERIFERIA com a conformação dos estados periféricos como o Brasil, em seu processo de desindustrialização que culminou com sua adaptação à mero fornecedor de insumos alimentícios à China e Sudoeste Asiático, nesta ótica, também deve ser devidamente aquilatada. Os dados são fornecidos no livro Guerra das Moedas do prof. Sergio Borja e também os dados , da mesma forma, são fornecidos pela visão de Perón retratada na obra A LUTA PELA UNIÃO LATINO AMERICANA produzida pelo prof. Sérgio Borja que reproduz a fala de Juan Perón obtida na tese de mestrado do historiador Paulo Renan Almeida e que aqui vai reproduzida:

” No entanto é na Dissertação de Mestrado do historiador Paulo Renan Almeida, sobrinho-neto de Lusardo, que se analisa com proficiência o affair veiculado pela imprensa carioca da época, notadamente as publicações dos periódicos Diário de Notícias, Tribuna da Imprensa, A Noite e O Jornal, além dos jornais argentinos e de farta bibliografia e documentação, inclusive os arquivos particulares da correspondência do diplomata, que foi embaixador em Buenos Aires em três períodos, em 1945, de 1946 a 1947 e, na terceira vez, de 26 de agosto de 1951, permanecendo até outubro de 1953, que vamos encontrar o texto do documento contendo o pronunciamento integral do presidente Perón que ipsis litteris, ainda que longo para a transcrição, diz o seguinte: Senhores: Aceitei com grande prazer esta ocasião para dissertar sobre as idéias fundamentais que inpiraram uma nova política internacional na República Argentina. É indubitável que, pelo acúmulo de tarefas que tenho, não poderei apresentar para os senhores uma exposição acadêmica sobre este tema, no entanto poderei manter uma exposição em que o fundamental e o mais decisivo de nossas concepções será exposto com sensatez e clareza. As organizações humanas, ao longo de todos os tempos, foram criando sucessivos grupamentos através da família, das tribos, das cidades, das nações e dos grupos de nações, e há quem se aventura a dizer que para o ano 2000 as agrupações menores serão os continentes. Não resta dúvida que a evolução histórica da humanidade vai firmando este conceito cada dia com maiores fóruns de realidade. Isto é tudo o que podemos dizer no que se refere a natural e fatal evolução da humanidade. Se este problema se transporta para a nossa América surge imediatamente uma apreciação imposta por nossas próprias circunstâncias e nossa própria situação. É indubitável que o mundo, superpovoado e superindustrializado, apresenta para o futuro um panorama que a humanidade não supõe em razão de não tê-lo conhecido, pelo menos nesta escala tão extraordinária. Todos os problemas que hoje se discutem no mundo são, em sua maioria, produto desta superpopulação e da superindustrialização, sejam nos seus desdobramentos em problemas de carácter material ou sejam problemas de caráter espiritual. É tal a influência da superprodução e da magnitude da influência da técnica e desta superprodução, que a humanidade, em todos os seus problemas econômicos, políticos e sociológicos, se acha profundamente imersa nestas circunstâncias. Se é este o futuro da humanidade, é indubitável que estes problemas irão progredindo e produzindo novos e mais difíceis problemas resultantes das circunstâncias anunciadas. Resulta também, indiscutivelmente, que a luta fundamental em um mundo superpovoado é por uma coisa sempre primordial para a humanidade: a comida. Este é o pior e o mais difícel problema para resolver. O segundo problema que resulta da industrialização é a matéria prima: valeria dizer que neste mundo que luta pela comida e pela matéria prima, o problema fundamental do futuro é um problema de base e fundamento econômicos, e a luta do futuro será cada vez mais econômica, em razão da superpopulação e de uma maior superindustrialização. Em conseqüencia, analisando nossos problemas, poderíamos dizer que o futuro do mundo, o futuro dos povos e o futuro das nações estará extraordinariamente condicionado à magnitude das reservas que possuam: reservas de alimentos e reservas de matérias primas. Isso é uma coisa tão evidente, tão natural e simples, que não necessitaríamos fazer uso nem da estatística e muito menos da dialética para convencer qualquer um. Agora, vendo o problema de forma prática e objetiva, questionando-nos sobre quais seriam as zonas do mundo onde existem as maiores reservas destes elementos fundamentais para a vida humana: o alimento e a matéria prima. É incontestável que nosso continente, especialmente a América do Sul, é a zona do mundo aonde, por falta de população e por falta de exploração extrativa, encontra-se a maior reserva de matéria prima e alimentos do mundo. Isto seria um indicativo que o porvir seria nosso e que na futura luta marchamos com uma vantagem sobre as demais zonas do mundo que esgotaram suas possibilidades de produção alimentícia e de provisão de matérias primas ou cujas terras são ineptas para a produção destes elementos essenciais para a vida. Se isto, senhores, cria realmente o problema da luta, é indubitável que nesta luta levamos uma vantagem inicial e, que na garantia de um futuro promissor temos condições de desfrutá-lo em melhores condições que outros países do mundo. Mas é precisamente nestas circunstâncias que situa-se nosso maior perigo porque não restam dúvidas que a humanidade já demonstrou – ao longo de sua história em todos os tempos – que quando há carência de alimentos ou elementos indispensáveis para a vida, como seriam as matérias primas e outros elementos, se conseguiram os mesmos através de ações sejam elas boas ou más, vale dizer, com hábeis combinações ou mediante uso de força. O que quer dizer que estamos ameaçados e que um dia os países superpovoados e superindustrializados, que não dispõem de alimentos nem de matéria prima, mas no entanto têm extraordinário poder, joguem este poder para despojar-nos dos elementos que temos em demasia em relação a nossa população e as nossas necessidades. Assim colocamos a extensão de todo o problema nas suas bases fundamentais e também sob uma ótica objetiva e realista. Se os países pequenos e débeis subsistirem, num futuro próximo podem ser objeto de conquistas territoriais como já foram mil outros territórios desde os fenícios até os nossos dias. Não seria uma história nova que se escreveria nestas latitudes, seria a história que campeou por todos os tempos, sobre todos os lugares da terra, de maneira, que isto não chamaria muito a atenção. Nestas circunstâncias isto induziu nosso governo a encarar de frente a possibilidade de uma união real e efetiva de nossos países, para encarar uma vida comum e para pleitear, também no futuro, uma defesa em comum. Se estas circunstâncias não são suficientes, ou se os fatos expostos não bastam por si sós como argumento em prol de nossa união, não acredito que haja outros argumentos mais fortes para uma defesa comum. Se tudo o que explanei não fosse real ou não fosse certo, a união desta parte do mundo não teria razão de ser e não passaria de uma questão abstrata e idealista. This version of Total HTML Converter is unregistered. Senhores: sem dúvida alguma desde o primeiro momento debruçando-nos sobre a história, analisando as circunstâncias, desde 1810 até os nossos dias, constatamos que não faltaram tentativas para agrupar nesta zona do Continente todos os nossos povos. Os primeiros movimentos surgiram no Chile, nos dias iniciais das revoluções emancipadoras da Argentina, do Chile, e do Peru. Todos eles fracassaram por distintas circunstâncias. Desgraçadamente não foram todos que entenderam o problema quando o Chile propôs a união aqui em Buenos Aires, nos primeiros dias das revolução de maio e Mariano Moreno se opôs. Estava no próprio governo a capacidade de fazer fracassar este intento e a Junta de Buenos Aires tem sua culpa . Houve depois vários outros que fracassaram por outras razões e circunstâncias, como San Martín, quando o problema se lhe apresentou no Peru. Sabemos também como fracassou Bolívar, da mesma forma, mesmo fazendo de sua vida a luta pela união. Realizaram-se depois o primeiro, o segundo e o terceiro Congresso do México com a mesma finalidade. E devemos confessar que tudo isto fracassou, também por nossa culpa. Sempre fomos os que mais nos afastamos e nos mantivemos distantes com um critério isolacionista e egoísta. Chegamos então ao nosso tempo: Eu não queria passar para a história sem haver demonstrado com fidedignidade, que colocamos toda nossa vontade real, efetiva, leal e sincera para que esta união possa realizar-se no Continente. Penso que o ano 2000 vai nos surprender unidos ou dominados; penso também que é próprio de quem é inteligente não esperar que o ano 2000 chegue até nós sem fazer um pouquinho de força para chegar em melhores condições que aquela que nos poderá contemplar o destino de sempre sermos bigorna que sofremos os golpes dos outros e que possamos ser algum dia martelo para dar alguns golpes por nossa conta. Por esta razão em 1946, ao fazer as primeiras apreciações de caráter estratégico e político internacional, começamos a pensar neste grave problema do nosso tempo. Quiçá na política internacional que nos interessa, o problema explanado seja o mais grave e transcendente, mais transcendente ainda do que possa ocorrer na guerra mundial, o que possa ocorrer na Europa, na Ásia ou no Extremo Oriente; porque este é um problema nosso e os outros são problemas do mundo no qual vivemos e que, no entanto, mesmo assim estão distantes de nós. Creio também que na solução deste grave e transcendente problema contam os povos mais que os homens e que os governos. É por isto que, quando fazemos as primeiras apreciações, analisamos se isto poderia realizar-se através da chancelarias atuais, como no século XVIII, com uma boa ceia, com discursos brilhantes, que no entanto terminam quando termina a comida, inoperantes e intranscendentes, como foram todas as ações das chancelarias nesta parte do mundo no espaço de um século até os nossos dias; ou se deveria atuar mais efetivamente, influindo não nos governos que aqui se trocam como se muda de camisa, mas exercendo esta influência diretamente sobre os povos que são permanentes, porque os homens passam, os governos se sucedem, e no entanto os povos permanecem. Temos observado, de outra parte, que o êxito, talvez o único êxito extraordinário do comunismo, consiste em que eles não trabalham com governos, senão para os povos, porque pretendem uma obra permanente e não circunstancial. Assim, se na ordem internacional se quer realizar algo transcendente, há de atribuir-se esta qualidade de permanência, porque tudo o que for circunstancial, na ordem política internacional, carecerá de importância. Por esta razão e aproveitando as naturais inclinações de nossa própria doutrina começaremos a trabalhar sobre os povos, sem excitação, sem pressa e sobre tudo, não propiciando, com cuidado minucioso, para que não nos acusem de intervenção nos assuntos internos dos outros Estados. Em 1946 quando assumi o Governo, a política internacional argentina não tinha nenhuma definição. Não encontramos ali nenhum plano de ação, assim como não existia tampouco de parte dos ministros militares sequer uma hipótese ou plano de operação. Da mesma forma no Ministério das Relações Exteriores, em todo o seu arquivo não havia um só plano ativo sobre a política internacional que deveria seguir a Repúublica Argentina, nem sequer havia menção a alguma orientação que deveria ser seguida em seus desígnios. Vale dizer que havíamos vivido uma política internacional, respondendo condicionados às medidas que os outros Estados tomavam em relação a nós; não tínhamos ao menos uma idéia própria que nos pudesse conduzir por um determinado prazo, com direção uniforme e congruente. Dedicamo-nos a evitar as armadilhas postas pelas decisões dos outros Estados, mas, nós não tínhamos iniciativa. Não é tão criticável o procedimento, porque também pode ser uma forma de proceder até explicável, pois os pequenos países não podem ter na ordem da política internacional objetivos muito ativos nem muito grandes, mas, no entanto, devem ter algum objetivo. Não digo que nos coloquemos a estabelecer objetivos extracontinentais para impor nossa vontade aos russos, aos ingleses ou aos norte-americanos, não, porque isto seria torpe. Vale dizer para isto, como já se sustentou tantas vezes, que há de se ter a política da força que se tem ou a força que se necessite para sustentar uma política. Nós não temos a segunda e por conseqüência, temos que nos reduzir a aceitar a primeira; no entanto, dentro desta situação podemos ter nossas idéias e lutar por elas para que as Chancelarias, que jogam ao estilo do século XVIII, não nos estejam dominando com seus sonhos fantásticos de hegemonias, de mando e de direção. Para ser um país monitor – como sucede com todos os monitores – é necessário colocar-se adiante para que os demais o sigam. O problema é chegar o quanto antes e pagar a posição ou colocação e os demais vão seguir ainda que não queiram. De maneira que a hegemonia não se conquista. Por isto nossa luta não é, na ordem da política internacional, pela hegemonia de nada, como já disse várias vezes, senão simplesmente a obtenção do que convém ao país em primeiro lugar; em segundo lugar, o que convém a grande região em que se insere o país, em terceiro lugar, o resto do mundo que fica mais distante e com menor alcance das nossas previsões e concepções. Por isto, bem claramente entendido, como faço em toda a circunstância, para nós: primeiro a República Argentina, logo o Continente e depois o mundo. Nesta posição nos encontraram e nos encontrarão sempre, porque entendemos que a defesa própria está em nossas mãos; que a defesa, diremos, relativa, está na zona continental que defendemos e em que vivemos, e que a absoluta é um sonho que todavia não a alcançou nenhum homem nem nenhuma nação na terra. Vivemos somente em uma segurança relativa, pensando, senhores, na idéia fundamental de chegar a esta união nesta parte do Continente. Havíamos pensado que a luta do futuro será econômica; a história nos demonstra que nenhum país se impôs neste campo, nem em nenhuma luta, se não tem em si uma completa, diremos, unidade econômica. Os grandes impérios, as grandes nações, chegaram desde o começo da história até os nossos dias às grandes This version of Total HTML Converter is unregistered. conquistas, com base em um unidade econômica. Eu analiso que se nós sonhamos com a grandeza – que temos obrigação de sonhar – para nosso país, devemos analisar primordialmente esse fator em uma fase do mundo em que a economia passará ao primeiro plano em todas as lutas do futuro. A República Argentina, só, não tem unidade econômica; o Brasil, só, não tem tampouco unidade econômica; o Chile, só, tampouco tem esta unidade econômica; mas estes três países unidos conformam quiçá no momento atual a unidade econômica mais extraordinária do mundo inteiro, sobre tudo para o futuro, porque toda esta imensa disponibilidade constitue sua reserva. Estes são países reservas do mundo. Os outros estão quiçá a não muitos anos do esgotamento de todos os seus recursos energéticos e de matérias primas; nós temos todas as reservas das quais ainda não exploramos nada. Esta exploração que fizeram conosco, mandendo-nos para consumir o elaborado por eles, agora no futuro pode retornar para eles, porque na humanidade e no mundo há uma justiça que está por sobre todas as demais justiças e que algum dia chega. E esta justiça se aproxima para nós, somente devemos ter a prudência e a sabedoria suficientes para preparar-nos para que não nos retirem de novo a justiça no momento mesmo em que estamos por percebê-la e por desfrutá-la. Isto é o que ordena, imprescritivelmente, a necessidade de união do Chile, Brasil e Argentina. É indubitavel que, realizada esta união, cairão na sua órbita os demais países sul-americanos, que não serão favorecidos nem pela formação de um novo agrupamento e provavelmente não o poderão realizar de maneira alguma, separados ou juntos, senão em pequenas unidades. Apreciado isto senhores, eu comecei a trabalhar sobre os povos. Tampouco esqueci de trabalhar os governos, e durante os seis anos do primeiro governo, enquanto trabalhamos ativamente nos povos, preparando a opinião para bem receber esta ação, conversei com os que iam ser presidentes, pelo menos, nos dois países que mais nos interessavam: Getúlio Vargas e o General Ibáñez. Getúlio Vargas esteve total e absolutamente de acordo com esta idéia, e a realizaria tão logo assumisse o governo. Ibañez me fez igual manifestação e contraiu o compromisso de proceder da mesma forma. Eu não me iludia em razão de que eles haviam prometido isto, achando que desta forma estava tudo feito, porque sabia que tratava com homens de governo que, por esta qualidade, não podiam fazer o que quisessem mas o que pudessem. Sabia também que um grande setor destes povos ia opor-se tenazmente para uma realização com estas características, por questões de interesses pessoais e de negócios, mais do que qualquer outra coisa. Como se iam opor os fazendeiros chilenos frente a concorrência da exportação sem limite da produção de gado argentina. Quando uma vaca ou um novilho, a um metro da froteira Argentina, no Chile, vale vinte mil pesos chilenos e, o mesmo novilho, a um metro desta mesma froteira, do lado Argentino, vale dez mil pesos. Aquele que está ganhando os dez mil pesos de lucro não vai estar de acordo com uma unidade deste tipo. Cito este caso grosseiro para que os senhores intuam toda a gama imensa de interesses de toda ordem que se espalham em cada uma das coisas que come o pobre chileno e que nós produzimos ou que nós consumimos e eles produzem. Este mesmo fenômeno sucede também no Brasil. Por esta razão não me iludi com as possibilidades de realização deste plano; por isso seguimos trabalhando por estas uniões, porque elas deverão vir dos povos. Nós temos uma triste experiência com as uniões que vêm através dos governos; pelo menos, nenhuma em cento e cinqüenta anos pôde cristalizar alguma realidade. Devemos experimentar um outro caminho que ainda não foi testado para ver se, de baixo para cima, podemos ir influindo em forma determinante para que estas uniões se realizem. Senhores: sei também que o Brasil, por exemplo, tropeça numa grande dificuldade: o Itamarati, que constitui uma instituição supergovernamental. O Itamarati sonhou, desde a época do seu Imperador até nossos dias, com uma política que se prolongou através de todos os homens que ocuparam este difícil cargo no Brasil. Assim é que esta política transmitida de geração em geração de chanceles estabeleceu um arco entre o Chile e o Brasil; esta política deve ser vencida com o tempo e por um bom proceder de nossa parte. Deve-se desmontar todo este sistema do Itamarati e assim devem também desaparecer estas excrescências imperiais que constituem, mais do que outra razão, os principais obstáculos para que o Brasil opte por uma união verdadeira com a Argentina. Nós não temos nenhum problema com o Brasil, nem mesmo este sonho de hegemonia, e com referência a este assunto estamos prontos a dizer-lhes: vocês são maiores, maiores e mais lindos do que nós e nisto não vemos nenhum inconveniente. Nós renunciamos a tudo isto, de maneira que isto também não será um inconveniente. No entanto é indubitável para nós que assim acaba-se por superado, este problema. Vou contar-lhes senhores um fato que colocará em perfeita evidência como procederemos e por que temos a firme convicção de que afinal vamos sair ganhando, porque procedemos bem. Porque os que procedem mal são os que sucumbem vítimas de seu próprio procedimento: por isto, não empregaremos subterfúgios, nem posturas insidiosas, nem as conbinações raras, que empregam algumas Chacelarias. Quando Vargas subiu ao governo me prometeu que nos reuniríamos em Buenos Aires ou no Rio e faríamos este tratado que eu firmei com Ibãnez depois, o mesmo tratado. Este foi um propósito formal que nós havíamos traçado. Mais adiante dissemos: Vamos suprimir as fronteiras, se for preciso. Eu agarrava qualquer coisa, porque estava dentro da orientação que eu seguia e do que acreditava ser necessário e conveniente. Eu sabia que aqui eu realizava, porque quando eu dissera ao meu Povo que queria fazer isto, eu sabia que meu Povo queria o que eu queria na ordem da política internacional, porque já aqui existe uma consciência internacional no Povo e existe uma organização. Soma-se a isto a consciência de toda a nossa gente que não fizemos tantos erros de maneira que tem fé no que fazemos. Mais tarde Vargas me disse que era difícil que fizéssemos tudo logo, porque tinha uma situação política um pouco complicada nas Câmaras e que preferia ser conciliador a dominá-las. Isto é difícil em política; considero que primeiro temse que dominar e depois a conciliação resulta como conseqüência. São pontos de vista; são distintas maneiras de pensar. Ele seguiu um caminho distinto e nomeou um Gabinete de conciliação, vale dizer, nomeou um Gabinete onde pelo menos as três quartas partes dos ministros eram seus inimigos políticos e que serviriam aos seus próprios interesses e não aos interesses do Governo. This version of Total HTML Converter is unregistered. Claro que ele pensava que em seis meses ia dar uma solução para isto; mas, no entanto , quando passaram os seis meses , o assunto estava mais complicado do que antes. Naturalmente, não pôde vir aqui, não pôde comprometer-se perante o seu Parlamento e frente aos seus próprios ministros a realizar uma tarefa que implicava assumir virilmente uma cartada decisiva frente a política internacional mundial, perante seu Povo, a seu Parlamento e ante aos interesses que tinha de vencer. Naturalmente, eu esperei. Neste ínterim é eleito o General Ibáñez; a situação dele não era melhor do que a de Vargas, mas de certa forma chegava plebiscitado no Chile, em eleições sui generis, porque lá se inscrevem os que querem e os que não querem, não; é uma coisa muito diferente da nossa eleição. Mas ele chegou ao governo naturalmente. Tão logo chegou ao governo, eu, em conformidade com o que já havíamos conversado, lhe sondei. Me disse: De acordo, faremos. Muito bem! O General foi mais decidido, porque nós, os generais, costumamos ser mais decididos do que os políticos. No entanto, antes de fazermos, como eu tinha um compromisso com Vargas, lhe escrevi uma carta que fiz chegar por intermédio de seu próprio Embaixador, a quem chamei e lhe disse. “Veja, você terá que ir ao Rio com esta carta e terá que explicar tudo ao seu Presidente. Faz dois anos que nós tínhamos prometido realizar este ato. Faz mais de um ano e pouco que eu o aguardo e não pode vir. Assim, eu peço autorização a ele para que me libere deste compromisso de fazer a união primeiro com o Brasil e me permita, assim, fazê-la primeiro com o Chile. Naturalmente peço-lhe isto, porque creio que estes três países são os que devem realizar esta união. O Embaixador vai e volta e me diz, em nome do Presidente, que não somente autoriza que vá ao Chile, liberando-me do compromisso, senão que me dá também sua representação para que eu faça em nome dele no Chile. Naturalmente, eu agora sei muitas coisas que antes não sabia; aceitei somente a autorização sem a representação. Fui ao Chile, cheguei ali e disse ao General Ibáñez: Venho aqui com tudo pronto e trago a autorização do Presidente Vargs, porque eu estava comprometido a fazer primeiro isto com ele e com o Brasil; de maneira que tudo sai perfeitamente bem e como havíamos planejado, e quiçás ao fazer-se isto se facilite a ação de Vargas e assim se vá acomodando melhor o assunto. Chegamos, fizemos com o Ministro das Relações Exteriores todas as coisas que se fazem nas Chancelarias, discutimos um pouco – pouca coisa – e chegamos ao acordo, não tão amplo como nós queríamos, porque a gente tem medo de algumas coisas e, é claro, saiu um pouco retalhado, mas saiu. Não foi tampouco um parto difícel, mas custou bastante convencer, persuadir, etc. No dia seguinte chegam as notícias do Rio de Janeiro, onde o Ministro das Relações Exteriores do Brasil fazia umas declarações tremendas contra o Pacto de Santiago: “…que estava contra os pactos regionais, que esta era a destruição da unidade panamericana…” Imagine-se a cara que eu tinha no dia seguinte, quando fui e me apresentei ao Presidente Ibáñez. Ao dar-lhe bom dia, me perguntou: Que me diz dos amigos brasileiros ? Naturalmente a imprensa carioca ultrapassou os limites a que havia chegado o próprio ministro das Relações Exteriores, senhor João Neves da Fontoura. Claro, eu me calei; não havia mais remédio. Firmei o tratado e vim para cá. Quando cheguei me encontrei com Geraldo Rocha, velho jornalista de grande talento, diretor de O Mundo no Rio, muito amigo do presidente Vargas, que me disse: “O Presidente Vargas me mandou para explicar o que aconteceu no Brasil. Disse que a situação dele é muito difícil; que politicamente não pode dominar; que tem secas no Norte; geadas no Sul; e os políticos estão em alvoroço; que o comunismo está muito perigoso; que não pode fazer nada; em fim que o desculpe, que ele não pensa como o Ministro que havia feito aquilo, mas, que no entanto, não controla o Ministro.” Eu entendia perfeitamente bem tudo isto; não justifica, mas entendia, pelo menos. Naturalmente senhores que colocada a situação nestes circunstâncias, de uma maneira tão lamentável, que não tive outro remédio senão dizer-lhe que seguisse tranquilo, que eu não me intrometeria nas suas coisas e que fizesse o que pudesse, mas que seguisse trabalhando por isto. Bem senhores. Eu queria contar-lhes isto, que provavelmente ninguém conhece, com exceção dos Ministros e eu; evidentemente são fatos para conhecimento da história, porque eu não quero passar a História como um cretino que pôde realizar esta união e no entanto não a realizou. Pelo menos quero que as pessoas pensem no futuro que se aqui houve cretinos, eu não estava sozinho neste número; há outros cretinos também como eu, e todos juntos iremos ao “baile do cretinismo”. Mas o que eu não queria deixar de afirmar, como o farei publicamente em alguma circunstância, é que toda a política argentina na ordem internacional está orientada para a necessidade desta união, para que, quando chegue o momento em que seremos julgados por nossos homens – frente aos perigos que esta dissociação produzirá no futuro – pelo menos tenhamos a justificativa de nossa própria impotência para realizá-la. Inobstante, eu não sou pessimista; eu creio que nossa orientação, nossa perseverança, vai todos os dias ganhando terreno dentro desta idéia, e eu estou quase convencido de que um dia haveremos de realizar tudo bem e a contento e que temos de trabalhar incansavelmente para realizá-lo. Já se acabaram as épocas do mundo em que os conflitos eram entre os países. Agora os conflitos se agigantaram de tal forma que adquiriram uma natureza que obriga a que se prepare para os “grandes conflitos e não para os pequenos.” Esta união senhores, está em plena elaboração; é tuo quanto eu podia dizer-lhes em definitivo. Estamos trabalhando, e o êxito, senhores, há de produzir-se; pelo menos nós temos preparado o seu êxito, estamos realizando-a, e não tenham a menor dúvida de que o dia que se produza eu hei de saber explorar todas as conveniências necessárias para o nosso país, porquê , de acordo com o aforisma napoleônico, o que prepara um êxito e o conquista, dificilmente não sabe lhe retirar as vantagens de tudo quando haja obtido. Nisto, senhores, estou absolutamente persuadido de vamos pelo bom caminho. A contestação do Brasil, buscando desviar seu arco de Santiago a Lima, é só uma contestação ofuscada e desesperada de uma Chancelaria que não interpreta o momento e que está persistindo sobre uma linha superada pelo tempo e pelos acontecimentos, isto não pode ter efetividade. A luta pelas zonas amazônicas e do Prata não têm nenhum valor nem nenhuma importância; são sonhos um pouco equatoriais e nada mais. Não pode haver neste sentido nenhum fator geopolítico nem de nenhuma outra natureza que possa enfrentar a estas duas zonas tão diversas em todos os seus fatores e em todas as suas características. Aqui há um problema de unidade que está por sobre todos os demais problemas, nestas circunstâncias, quiçá muito determinantes, de nós termos solucionado nossos senões com os Estados Unidos, talvez isto favoreça em forma decisiva a possibilidade de uma união continental nesta zona do continente americano. Senhores, como respondeu o Paraguai, ainda que um pequeno país; como iram respondendo outros países do Continente, devagar, sem pressões e sem violências de nenhuma natureza, assim se vai configurando um modelo de união. As uniões devem realizar-se pelo procedimento mais comum: primeiramente há que conectar alguma coisa; depois as demais conexões se vão formando com o tempo e com o desenrolar dos acontecimentos. O Chile, apesar da luta que deve sustentar internamente, já está unido à Argentina. This version of Total HTML Converter is unregistered. O Paraguai acha-se em igual situação. Há outros países que estão inclinados a realizar o mesmo. Se nós conseguimos ir aderindo lentamente a outros países, não vai tardar muito que o Brasil faça também o mesmo, e este será o princípio do triunfo de nossa política. A união continental com a base assentada no tripé da Argentina, Brasil e Chile está muito mais próxima do que crêem muitos argentinos, muitos chilenos e muitos brasileiros; no Brasil há um setor enorme que trabalha por isto. O único que há de vencer são os interesses; mas , quando os interesses dos países começam a atuar, os interesses dos homens devem ser vencidos por aqueles, esta e nossa maior esperança. Até que isto se produza, senhores, não temos outro remédio senão esperar e trabalhar para que isto se realize: e esta é nossa ação e esta é nossa orientação. Muito obrigado.” A publicação deste texto, de forma adulterada, na Tribuna da Imprensa, jornal de Carlos Lacerda, inimigo número um de Vargas, gestará um processo de desestabilização do Presidente da República, não só perante a opinião pública, mas também perante o Congresso Nacional, que resultará num processo de impeachment. Vargas, foi apresentado à opinião pública, por alguns órgãos da imprensa de oposição, como um traidor, Dentre os jornais oposicionistas, destacaram-se a Tribuna da Imprensa, O Jornal e A Noite, como anteriormente se havia dito. Tal versão foi confirmada pelo Chanceler João Neves da Fontoura em seu depoimento perante o Congresso, a fim de fundamentar a ação de impeachment. O historiador Paulo Renan Almeida, analisando o fato histórico sob vários enfoques, conclui com maestria e terminantemente que, no afã oposicionista, esta imprensa cometeu erros de avaliação e omissões, pois . . . restava utilizar o testemunho de Batista Luzardo, especialmente de sua atuação como diplomata na Argentina, e razões demonstram em um depoimento registrado em suas memórias e documentos constantes de seu arquivo pessoal que possibilitam avaliar com mais isenção aquele momento vivido pelo protagonista e seu pensamento sobre a integração, bem como seu empenho em promover o encontro entre os presidentes Vargas e Perón. Por seu empenho em favor da referida integração, Lusardo não apenas sofreu duras críticas, como foi afastado do cargo de embaixador. Interessados em atacar Vargas, pela palavra do presidente argentino, os órgãos da imprensa oposicionista desconsideravam tudo que não lhes era favorável, como a proposta da integração entre os países sul-americanos, principal tema dos discursos de Perón, como se pode comprovar pela leitura dos referidos documentos de Batista Lusardo. A proposta daquele presidente ganha atualidade, diante do que está sendo construido em termos de MERCOSUL, no limiar do século XXI. Naquela ocasião, Perón como que se antecipava aos acontecimentos mundiais das sociedades do Ocidente – a formação de blocos econômicos -, afirmando de forma premonitória, em relação à realidade sul-americana. Ana Luiza Gobbi Setti, em sua dissertação de mestrado, Pacto ABC: As Relações Brasil-Argentina, afirma que estas relações historicamente foram sempre alternadas por estados de aliança, indiferença e rivalidade. Pintando um macrocenário onde o centro hegemônico do sistema seria os Estados Unidos, haveria relações subsistêmicas, onde se enquadrariam a Argentina e o Brasil que, em face da liderança frente ao bloco dependente sul-americano, além dos fatores endógenos, de política interna, em prol de uma disputa, sofreriam a interferência exógena e hegemônica dos EUA, nas suas políticas internacionais, que acionaria este processo de disputa para agravar ainda mais o processo de dependência e concomitantemente manter sua hegemonia através da alternatividade de sua política em privilegiar pontualmente uma relação ou outra, com o Brasil ou Argentina. Assim, através das interações dinâmicas entre a política interna e externa e vice-versa, dentro do subsistema que se encontram estes países, numa dinâmica de barganhas em relação ao sistema hegemônico e o estudo do nacionalismo e do internacionalismo-associativista a historiadora conclui que . . . o fracasso da estratégia em questão (o pacto ABC com referência ao Brasil) está intimamente ligado à divisão política interna. O enfrentamento do grupo nacionalista, adepto de Vargas, mas ignorante das manipulações presidenciais em torno da Argentina e do Pacto ABC, com o grupo antinacionalista, defensor da total cooperação com os Estados Unidos, e, neste sentido, contrário ao estreitamento ds relações com o país vizinho e com seu projeto de blocos autônomos, foi fatal para o sucesso do esquema getuliano de liderança regional.” O Pacto ABC, neste sentido, contrariava a noção de unidade continental defendida pelos Estados Unidos, uma vez que nele vinha embutida ideologicamente a questão da “Terceira Posição” peronista, na qual não se tratava mais de implementar uma autonomia relativa, mas sim de contrapor-se à nação hegemônica, desequilibrando a relação sistema-subsistema. A pressão do centro hegemônico, no caso os Estados Unidos, frente ao sub-sistema sul-americano, pontualmente no caso em foco, evidenciase através de um documento fornecido pelo livro editado recentemente pelo filho do embaixador americano credenciado no Brasil na época, Summer Welles. Sob o título de Summer Welles – O estrategista global de Franklin Roosevelt, Benjamim Welles relata fatos que comprovam que os Estados Unidos pressionavam os três grandes, Argentina, Brasil e Chile, para alinharem-se a sua política contra os países do Eixo, Alemanha, Itália e Japão. A possibilidade da neutralidade contrariava os interesses americanos que necessitavam de bases militares a serem fixadas no norte e nordeste brasileiro, sendo que os Estados Unidos cogitaram inclusive, através do plano “Pote de Ouro”, ocupar militarmente a costa brasileira, de Belém ao Rio, mobilizando 100.000 soldados. Esta hipótese, circunstancialmente, é reforçada pelo testemunho de Vargas, quando em seu diário, em várias oportunidades, no dia 25.05.1941, externa: “Ao anoitecer recebi a visita do ministro do Exterior, que me veio comunicar o aborrecimento dos americanos com a atitude do general Góis na questão das bases aéreas no Norte.” Em nota de rodapé, na mesma página há uma explicação que diz que “. . . o general Góis Monteiro opunha-se à instalação de bases aéreas norte-americanas no Nordeste, bem como ao recebimento de tropas do Exército e Marinha dos Estados Unidos, considerando que a efetivação dessas medidas representaria uma ameaça ao governo brasileiro.” Mais tarde, no dia 12.01.1942, registra o seguinte: Chegada de várias delegações americanas à Conferência. À tarde, recebo no Guanabara o Sr.Summer Welles, chefe da delegação americana, que me traz uma carta do presidente Roosevelt, reiterando o convite para ir aos Estados Unidos e tratando de outros assuntos. Das minhas conversas do que observo, fico apreensivo (grifei).Parece-me que os americanos querem nos arrastar à guerra, sem que isso seja de utilidade, nem para nós, nem para eles.” No dia 14.01.1942, está apontado no diário: This version of Total HTML Converter is unregistered. Regresso ao Guanabara, onde recebo o ministro do Exterior da Argentina, Guiñazu, que faz um apelo para evitar o rompimento das relações com os países do Eixo, pleiteado pelos Estados Unidos. Respondo-lhe que o Brasil é o dono da casa, terá uma atitude conciliadora, não podendo colocar-se nessa atitude extremada de opositor, e remeto-o para o Sr. Summer Welles.” Em 14.08.1941 a situação já está superada e é de conhecimento do Presidente Vargas, através de relato nos seguintes termos: O ministro da Guerra falou-me sobre a cooperação americana e os planos que alimentaram de ocupação de nosso território, revelados numa carta do general Lehman Miller ao seu governo e apanhada na censura pelo chefe de Polícia, que lha mostrara.” Constatamos através de uma visão dialética embasada num modelo global sistêmico onde se configura um sistema central, que historicamente é disputado pelas potências hegemônicas, resultando para o sub-sistema, onde se situam as nações sul-americanas, uma possibilidade de adesão mediante um processo de barganhas e trocas, sempre vantajosas para o pólo hegemônico, a opção tácita à adesão ou a um ou outro dos disputantes hegemônicos ou, ainda, uma terceira e derradeira alternativa, sempre abortada perante a história, que seria a formação de um bloco independente em razão do reforço do sistema interno de coesão de interesses e da opção da troca de rivalidades latentes, pela alternativa de cooperação consciente em prol da construção de um bloco continental sul-americano e mesmo latino-americano. Logicamente que esta alternativa pressupõe a moderna imersão e o condicionamento natural de um mundo moderno que não tolera sectarismos, jacobinismos, e que deve retratar a diversidade interdependente dos povos, das culturas, das etnias, e das nações, resgatando suas possibilidades de felicidade e realização integral sob o signo central dos direitos e garantias de todos os cidadãos, sejam eles de quaisquer nações, centrais ou periféricas, preservando assim, da mesma forma os direitos de comércio e de participação na sua economia e na exploração de suas riquezas a todos os povos, que não sejam assim explorados, em nome do apelo impessoal do lucro sem o devido sentido e comando ético que lastreia a dignidade humana. Esta visão é resultado da imersão e projeção da ordem natural, ôntica, retratada no universo e que é reproduzida através do brocardo E PLURIBUS UNUM, que pode orientar a ordem política e social da comunidade das nações sob os princípios que lhe são subjacentes e necessariamente deônticos, sejam o princípio FEDERATIVO E O PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE, que preservariam na ordem da comunidade das nações as idiossincrasias e peculiaridades, com liberdade e igualdade, não mais sob um enfoque totêmico, mas com uma configuração dinâmica de intercambiamentos interativos entre os seus conceitos formais e materiais, do princípio liberal e do princípio igualitário, possibilitados pela amálgama da necessária fraternidade, que atuaria como principio equalizador das suas inexoráveis equipolências. Se o Estado Nacional foi o artefato político gestado nos séculos XV ao XVIII, e o nacionalismo e as guerras suas conseqüências, já no limiar do século XXI, o nacionalismo no Estado Pós-Nacional, aquele estado neutral e regional, com dimensões continentais e federativas que anule as emulações nacionalistas tribais e pejorativas, sublimando-as através de uma postura neutral em prol dos direitos humanos de primeira, segunda e última geração, seria o primeiro passo da marcha evolutiva do homem para o super-homem e o resgate do conceito ainda utópico, mas desejado, do homem cidadão, não de um Estado, como foi até o século XX ou de um Estado-Continente-Comunitário-Pós-Nacional, como será no século XXI, mas, mais além na utopia possível, cidadão do Mundo num século menos distante. Neste plano, ainda imaginário, a possível supressão de instâncias e graus só deve ser feita com a preservação do cerne da dignidade humana e do crescimento autosustentável, sem hegemonias, que respeite as reservas e as possibilidades ambientais do planeta com um todo. Outro fator que se soma ao raciocínio iterativo necessário para a apreensão evolutiva do macro-cenário geopolítico estratégico é aquele que diz respeito ao surgimento do processo de globalização em que os membros atuantes passam a ser, muito mais do que os Estados, as corporações multinacionais que passam por um processo de sinergia ocasionado pela concentração monopolista de capitais, que foi estudada por Hirfilding, em 1909, em sua obra O Capital Financeiro e, posteriormente, esta mesma linha de enfoque retomada por John Kenneth Galbraith em O Capital Financeiro, que descreve o associativismo entre as TNCs (Corporações Transnacionais) e o Estado Pós-Moderno, confundindo ou mesclando as zonas delimitadas entre o público e o privado, tema também, da mesma forma abordado com profundidade por Jürguem Habermas, que o descreve como um fenômeno de refeudalização. Keinichi Ohmae em O Fim do Estado Nação, globalista japonês, apresenta um cenário diferenciado na maneira em que vislumbra o fim do Estado-Nação, que para ele é um artefato ultrapassado e superado pela eclosão da economia em escala global e regionalista que desloca materialmente as fronteiras econômicas frente as antigas fronteiras formais políticas que restam como cicatrizes históricas de uma geopolítica superada pela dinâmica da virtualidade contida nos meios de informação e no deslocamento financeiro a cabo que se torna incontrolável ante os mecanismos superados de controle do Estado Nacional em franca decadência. Para Ohmae, o fim do século XX vive uma ilusão cartográfica, pois os Estados penetrados pelo poder crescente das TNCs, diluiram suas fronteiras através das quedas crescentes dos controles alfandegários, fiscais e monetários, frente a fluidez do meio eletrônico. Passamos assim da realidade linear-tridimensional-pensante do mundo de Gutemberg, cuja intelecção se dava através e por meio do papel, para a virtualidade multidimensional-pensante da era Bill Gates, onde a intelecção, não contida mais na matéria estática, emigra e cavalga a mobilidade da própria energia e sua volatibilidade eletrônica, e passa a ter no mundo exterior uma existência com a mesma natureza análoga à textura que antes estava confinada ao solipsismo do cérebro humano no seu intramuros craniano.- Outros mecanismos que interagem no sistema global são aqueles criados no pós-Bretton Woods, conforme a alternativa de Dexter White e Lord John Maynard Keynes, o GATT e o seu complemento da rodada do Uruguai a OMC, o FMI e o Banco Mundial, que efetivam e realizam, no intercâmbio mundial das nações, o príncipio liberal e que hoje quedam-se bem distantes de propiciar, numa política necessária e concatenada com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o equilíbrio necessário entre o princípio liberal, vigente no sistema de comércio exterior, com a necessária disseminação do princípio igualitário vinculativo de proteção ao trabalho, para que assim, se equalize, equilibrando-se as relações globais entre o capital e o trabalho e também se dissemine sua internalização normativa na generalidade dos estados da comunidade mundial, evitando-se os procedimentos consagrados através dos neologismos tanto do dumping social como também do dumpring monetário.”