DÓLAR: RAZÕES DA APRECIAÇÃO INTERNA DO DÓLAR E SEUS POSSÍVEIS EFEITOS

DÓLAR: RAZÕES DA APRECIAÇÃO INTERNA DO DÓLAR
Em 14.10.2010 publiquei no Jornal do Comércio artigo intitulado “Dólar forte ou reversão do cavalo de pau” http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=43343 Ali eu prelecionava quais os tipos de providências que o Banco Central teria de tomar para cessar a apreciação do real frente ao dólar isto é, invertendo o cavalo de pau feito no começo do governo Lula, que contraiu o meio circulante ou base monetária através do incremento dos depósitos compulsórios, da restrição do meio circulante, do incremento estratosférico da taxa Selic, etc..Ora, os comandos forma invertidos tendo-se agora um discreto afrouxamento do deposito compulsório sendo que em dois itens houve uma mudança da noite para o dia: 1) Expansão da base monetária; 2) Diminuição da taxa selic http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=52273. Com relação a expansão da base monetária esta em pleno cavalo de pau, 23.05.2003 foi avaliada em 38 bilhões, em 14.11.2010 expandiu para um patamar de 173 bilhões http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=66238 , sendo que agora, conforme relatório do Banco Central http://www.bcb.gov.br/?ECOIMPOM os meios de pagamento restrito atingiram a soma estupenda de 257,3 bilhões no espaço exíguo de tempo de apenas cinco (5) meses o que perfaz uma expansão de mais ou menos 50% do meio circulante ou uma expansão mensal de 10% que, s.m.j., resume-se em emissão monetária laxativa!! Assim o governo contrariando a tendência de queda do dólar no exterior, que caiu frente ao euro, internamente aprecia o dólar pela emissão de um verdadeiro tsunami de reais. Por sua vez, a taxa Selic que em outras épocas andava em dois dígitos baixou para um dígito encontrando-se na casa dos 8,89, em 18\05, conforme informe do Banco Central registrado acima. Se o objetivo de desapreciar o real frente ao dólar é obtido desta forma que outros efeitos poderiam advir desta aceleração repentina de ambos os índices concomitantemente coadjuvados?! Creio com humildade, e fui eu que receitei a reversão do cavalo de pau com antecedência, que s.m.j., este processo deveria ser feito de forma comedida e não de um golpe só como está sendo feito pois na realidade, os leitores poderão observar, que existem indícios externos que referem problemas, tais como, o índice da BOVESPA tem-se mantido congelado e no ano negativo; os estoques de carros novos nos pátios tem aumentado; as compras de imóveis tem mermado em função da inflação de preços (bolha) e do esgotamento de crédito dos compradores. Não bastasse o corte na Selic o governo obrigou aos bancos oficiais Banco do Brasil e Caixa, a baixarem suas taxas de juros em serviços e financiamentos obrigando, de certa forma a concorrência privada. Do ponto de vista da lógica racional, sem nenhuma inserção nos mecanismos de reação do mercado, o esquema silogístico econômico parece que é coerente mas ficam as perguntas: Este incremento laxativo do meio circulante e da queda da Selic não reforçará mais a tendência de inflação artificial de preços incrementando mais e mais a bolha de crédito e de preços que já se constata abertamente no mercado?! Outra pergunta mais grave é aquela que coloca em xeque o sistema formal do estado por que, se do ponto de vista racional os mecanismos de razão levam a uma aceitação de seus possíveis efeitos, os mecanismos de controle do estado formal, deficitários frente ao descaminho de direito e ao contrabando, frente ao incremento acelerado da informalidade econômica estimulada pela burocracia crescente das exigências do estado de controle; incremento de impostos; e índice de informalização latente, 47% das empresas não são registradas ou funcionam em regime de economia e dinheiro B – vide escândalo Cachoeira – 59% da mão de obra é informal; assim, safa-se o capital dos capitães de indústria que já adentraram o governo nos famosos CONSELHÕES instituídos a níveis estaduais e federal, temporariamente, mas, a longo prazo, com este cavalo de pau ao contrário, perde-se o conceito de moeda em razão de uma inflação insidiosa que já manifesta os sinais da sua maquiagem oficial por que os salários e ganhos, mesmo os acima da média, não compram mais o que compravam a questão de uma ano no mercado interno, qualquer pessoa sente no seu próprio bolso este efeito, mesmo o governo dizendo que a inflação atinge só 6% ao ano. O efeito de apreciação interna do dólar, repito, não afeta em nada meu conceito de GUERRA DAS MOEDAS pois o dólar, apesar da desvalorização do real – causada por este processo que expliquei – seguirá caindo perante as moedas mais altas e quanto mais baixo for o seu preço exterior mais e mais as fronteiras formais do pais serão pressionadas pela entrada de produtos que podem ser comprados por preços de mixaria lá fora, mas que aqui dentro do Brasil, mesmo com o real baixo perante o dólar, são muito caras para nós que somos reféns internos da intermediação estatal que soma impostos, burocracia, spreads, direitos sociais, gargalo da infraestrutura – inflando o processo das mercadorias formais!!! Eu, em viagem a Europa pude constatar que adquirindo meu remédio para próstata, para uso de um ano, em Portugal pagaria o equivalente a 1200 reais sendo que, adquirindo aqui no Brasil, pago pelo uso de um ano 3500 reais pela mesma coisa não podendo deduzir seu uso do imposto de renda !!!! A constatação não é um estímulo ao processo de mecanismos informais mas um brado de alerta para a anormalidade de situações e preços que levam ao processo de implosão do sistema formal. Passar as férias no Brasil está mais caro do que no exterior, pois um hotel de três estrelas no Rio de Janeiro é mais caro cinco vezes que um hotel com as mesmas três estrelas em Paris. Um automóvel comprado aqui cotejado com um similar americano, francês, alemão ou japonês é duas a três vezes mais caro que seu similar no exterior. A sensação mais incrível é aquela em que um conhecido meu americano, que me visitou recentemente, ficou vexado e manifestou isto, com os preços inflados dos serviços no Brasil, que ele, em dólar, já não podia mais comprar como em tempos atrás, quando isto aqui era um paraíso de preços baixos para ele e seus dólares. Assim, o que há é uma disparidade entre os índices oficiais da inflação e a “sensação térmica” da mesma, que fazem pensar que possa existir uma maquiagem daquela e que caminhamos em terreno muito perigoso. Não seria este o efeito que começa a aparecer na forma de desinvestimento que se retrata na queda ou congelamento dos índices da Bolsa ?!!! Sem juros infelizmente, não há crédito ou ele diminui e, sem crédito, o futuro é agora e necessita de cash para aquisição das mercadorias!!!! PROF. SÉRGIO BORJA

Deixe uma resposta