GUERRA DAS MOEDAS: A QUEDA DA ARGENTINA E A DITADURA MONETÁRIA FRANCO ALEMÃ NA EUROPA

GUERRA DAS MOEDAS: A QUEDA DA ARGENTINA E A DITADURA MONETÁRIA FRANCO ALEMÃ NA EUROPA

Dois navios apreendidos no exterior por conta do pagamento de dívidas e agora a vergonhosa inadimplência:

Argentina à beira de um DEFAULT TÉCNICO: http://economia.elpais.com/economia/2012/11/22/actualidad/1353578365_231584.html

I – A QUEDA DA ARGENTINA:   A Argentina protelou ao máximo a sua estadia no “currency board” da dolarização sob  Menén. Quando estive lá, em vários congressos jurídicos sobre o mercosul, tentei passar aos interlocutores, na época, o problema da guerra das moedas que iria trazer a debacle futura da Argentina. O maior problema dos interlocutores é que são homens especialistas. Nossa cultura ocidental é pródiga em especialistas que não estudam outras áreas e a interconexão entre as mesmas, é dizer o regime interdisciplinar do conhecimento humano. Hermann Hesse, no livro, o Jogo dos Avelórios ou o Jogo das Contas de Vidro, abriu um debate profundo no conhecimento do princípio da analogia ou na linkagem entre assuntos pretensamente diversos e visceralmente análogos e interdependentes entre si. Sou professor de Ciência Política há anos e esta visão multifacetária do processo social humano inclui aportes na área do direito, da economia, da sociologia, da psicologia, da história, enfim, todas as ciências que possibilitem uma leitura do fenômeno social humano no tempo e no espaço. Com respeito a Guerra das Moedas, conceito descoberto por mim nos idos dos anos 1990 e expresso em um artigo no ano de 1998, precisamente em 15 de julho, no Jornal do Comércio, vaticinei, com antecedência de um par de anos a impossibilidade da plano de estabelecimento das simetria monetária para alavancar as assimetrias econômicas e potencializar as vantagens comparativas nos termos defendidos por Robert Mundell, prêmio Nobel de economia da época. Uma a uma as nações como “bola da vez” foram sofrendo ataques especulativos em razão do “dumping monetário” feito pelas nações exteriores não alinhadas ao dólar. Toda a placa tectônica submetida ao dólar naufragou inclusive os EUA, matriz da hegemonia matrix. O Brasil tendo saído do sistema de câmbio fixo indexado para o sistema de câmbio flutuante, no tempo oportuno, mesmo perdendo a quantia de 70 bilhões em divisas e sofrendo o sucateamento de suas industrias com a intromissão indébita do Poder Constituído sobre o Constituinte cometendo o crime de lesa-constituição, destruindo um bloco de constitucionalidade de 100 anos que não permitia a reeleição, mesmo assim, conseguiu, em razão de suas dimensões continentais e riquezas safar-se da melhor forma que a Argentina. Esta, com uma planta produtiva não muito sofisticada e concentrada ainda no item do agronegócio e energia, por contemporizar em demasia, foi a última a abandonar o barco do plano de dolarização nas Américas, sofreu por isto um default indo para o calote internacional. Daí em diante nunca mais se equilibrou e sofreu ainda mais pela reação interna de escolha de uma caminho neo-peronista intervencionista ao máximo, com Nestor Kirschner e, por último, com sua viúva, Chistina Kirschner. O estabelecimento deste regime intervencionista e o crescimento de um populismo exacerbado criou uma desconfiança internacional e um processo de desinvestimento total levando a um processo de estagnação econômica em que o estado-dívida se transformou no ogro estado fisco regulador. Conclusão de tudo: a Argentina está bem perto da debacle total. O efeito semelhante as revoluções árabes da África do Norte está chegando agudamente e instalando-se na Argentina através de paradoxos em que o governo, antes sustentado pelas centrais sindicais, vai perdendo paulatinamente o seu apoiamento e está prestes a ser asfixiado e cair simplesmente porque apodreceu. A queda desta forma “democrática” que na realidade é o mais abjeto populismo e corrupção do sistema republicano de governo, levará, independentemente de minhas convicções sociais-democratas, a um processo de estabelecimento da uma constituição liberal na Argentina. As reformas, através de uma Assembléia Constituinte, que nascerá advinda da crise, levarão a uma restauração do constitucionalismo de 1853, da Constituição de Santa Fé e dos vetores propostos pelo maior constitucionalista latino-americano, Juan Bautista Alverde, em seu livro “Las Bases”. O sistema do dólar, agora em currency board em baixa, conforme vaticinei em 1998, no artigo Guerra das Moedas, onde afirmei que o sistema de dolarização só daria certo em baixa e mediante uma macro-desvaloriazação do dólar, levará a um acoplamento com o novo regime, pois as indústrias da Argentina, pelo sistema de currency em alta do regime Cavalo de Menen e pelo que o substituiu, o regime dos Kirchners, foram detetizadas, restando somente suas vantagens comparativas da sua potente e não morta indústria agro-pastoril que beneficiar-se-á, neste novo regime, retirando a Argentina, num futuro de reformas, do sistema vermelho em que vive atualmente. Reformas trabalhistas, reformas previdenciárias, muita revolta, muito suor e lágrimas, para passar este Rubicão histórico, que com certeza virá. Depois de minha pátria Brasil sou mercosulenho e latino-americano até a medula dos ossos pois minha bisavó Francisca Elisa Carvalho Carneiro da Fontoura, casada com meu bisavô Valentin Carneiro da Fontoura, era oriunda de Salto no Uruguay. Da mesma forma, minha trisavó, Agda Dolores de Aguillar (Aguiar) Arruda, nascida em Assunción, Paraguay, casada com meu trisavô o Coronel José Maria Domingues de Arruda que a trouxe de lá na garupa do cavalo depois de ter enfrentado a Guerra do Paraguai. Não tenho parentes conhecidos na Argentina mas como Vinicius de Morais cantou, meus melhores e estimados amigos estão na Argentina: Alejandro Perotti, Javier Viollini, Daniel Rosano, Jorge Dagostini,Bráulio Malgor,  Carlos Amarelle, Hector Zeolla, Javier Toniollo e meu estimado amigo o ex-ministro dr. José Reinaldo Vanossi. Assim, pensando o bem de minha terra argentina, vaticino através da análise das estruturas o futuro que fatalmente virá. A CRISE É O PRINCÍPIO DO PARTO E DA MUDANÇA. AS CONTRAÇÕES PÉLVICAS JÁ COMEÇARAM E EM BREVE SE OUVIRÁ O VAGIDO DA NOVA ARGENTINA QUE NASCERÁ. QUEM VIVER VERÁ!!!!!

II – A DITADURA MONETÁRIA FRANCO-ALEMÃ NA UNIÃO EUROPÉIA

                        Todos os sistemas de simetria monetária inspirados na teoria de Robert Mundell a fim de incrementando o acoplamento monetário permitir a sintonia das assincronias e assimetrias econômicas é que levaram ao processo de crise que temos vivido desde a década de 1990 até a década de 2010-12. Os americanos com receio do estabelecimento de uma placa monetária no território de toda a Europa ocidental e que cativava a europa do Leste, através do colapso da URSS, assustado com a probalidade desta nova moeda concorrente que iria nascer, antecipando o processo, estabeleceu um currency board induzindo a dolarização de todos os seus satélites e países dependentes num regime de currency board em alta. Eu, na época, trabalhando no processo de integração Latino-americano vaticinei na ocasião, combatendo a política de Menen e Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, através de vários artigos antecedentes e posteriores ao artigo chave, Guerra das Moedas, a debacle deste sistema. A partir de 2004, já tendo prenunciado a única possibilidade deste sistema dar certo, em meu artigo de 1998, Guerra das Moedas, isto é através de um looping ou de uma maxi-desvalorização do dólar, prenunciei este caminho que começou a ser implementado por volta de 2004 quando escrevi o artigo chamado Câmbio atestando o estarte da implantação do mesmo pela desvalorização do dólar feita pelo FED em torno de 30%, na época. Em 2007, no artigo, Dólar, o Portal para o Mercado, prenunciei a crise europeia, com antecedência de anos, dizendo que os PIGS ficariam encerrados neste sistema, gerando uma profunda crise social na Europa. Tudo aconteceu como descrevi. A crise na União Européia é eminentemente uma crise gerada pelo sistema Guerra das Moedas em que o sistema do dólar vai caindo em perseguição a queda do Yuan chinês. A China é o fundo do poço monetário ou marca monetária de fundo de poço pois sua ditadura e falta de democracia possibilita, paradoxalmente contra os vetores do socialismo e do comunismo, a exploração do homem pelo homem sendo que os operários chineses ganham centavos de dólares, não possuindo férias nem descanso semanal. O capital multinacional, propiciado pelo sistema tri-polar que substituiu o polarismo dual da guerra fria, estabeleceu-se na China e daí, mediante dumping monetário e dumping social, através de sua produção massiva e suas exportações conseguiu alçar a China a uma condição de potência econômica hegemônica em cuja gravitação são cooptados várias nações, inclusive o Brasil, pois, hoje, este é o nosso maior parceiro econômico. Assim é que os PIGS ( Portugal, Itália, Grécia e Espanha) ficaram encerrados dentro da União Européia, com uma moeda alta que beneficia a Alemanha e a França, pois estes são países altamente industrializados e que vendem mercadorias sofisticadas no comércio externo, ganhando divisas para comprar os insumos de alimentação e energia que necessitam (com exceção da França que tem um forte agronegócio subsidiado). Os Pigs estão assim, asfixiados pela moeda alta europeia pois sua produção, de vinhos, azeites, sapatos e insumos com baixo poder agregado, com a moeda alta, com seu alto custo social (são países que possuem direitos trabalhistas e previdenciários altos além de alta tributação) não tem condições de concorrer com os países de fora, como Argentina, Brasil e  Chile, que produzem produtos semelhantes, mas com moeda baixa, conseguem vantagens comparativas artificiais na colocação externa dos mercados exógenos. Assim é que os PIGS, além de estarem sufocados pela moeda, EM BREVE, também, se permanecerem nesta escravidão monetária, PASSARÃO A SOFRER A DEBACLE DE SUA INDÚSTRIA BÁSICA agrária como vinhos e azeites, pois encerrados pela moeda, não terão capacidade competitiva para sobreviverem. O processo é semelhante ao da Federação Brasileira, onde o Rio Grande do Sul, teve, sob o governo de Fernando Henrique, sua produção detetizada, aqui caiu a produção de sapato, arroz, enlatados de Pelotas, etc, tudo sob o peso da concorrência exterior potencializada por uma moeda mais baixa na forma preconizada por Robert Triffin, seja a política do begher thy negb hor – política de empobrecimento do vizinho. Assim, a Europa, para salvar os PIGS, terá de desvalorizar a moeda. Como para a Alemanha e a França isto não é possível pois dá prejuízos elas preferem aniquilar os PIGS que perderam a sua soberania e estão naufragando numa crise social profunda onde o desemprego já chega a 25% da força de trabalho. CENÁRIOS POSSÍVEIS. Rompimento da União Monetária com o soerguimento dos PIGS. Continuar como estão com o Colapso total de Portugal, Grécia, Espanha e Itália (esta é um meio termo entre todos), a perdurar este último cenário isto fará com que assome um novo ataque especulativo pela QUEBRA DOS BANCOS EUROPEUS PÚBLICOS contagianto os PRIVADOS e aí teremos um COLAPSO E UM ATAQUE ESPECULATIVO SEMELHANTE A 1998 quanto vivemos um rastilho que foi percorrendo os Continentes. Esta crise geral levará ao nascimento de revoluções e profundas transformações nos sistemas políticos constitucionais dos estados nacionais com a implantação de um sistema de currency em baixa – ao nível da China – onde os mercados abertos levarão ao estabelecimento de vantagens comparativas nacionais de onde será edificada a possibilidade de um novo alicerce para a Globalização. Certamente sobre o sistema de concorrência liberal total com a implantação paulatina de um regime social mitigado e gradativo no tempo. Qual o prazo: 5 a 20 anos.Os países árabes do Norte da África foram os primeiros a entrarem neste processo de dissolução frente ao processo monetário da Guerra das Moedas sendo que, a Argentina ao lado já está em processo semelhante, os Pigs estão amadurecendo neste rumo e o Brasil, este, embora sangre e sangre, como tem dimensões colossais, entrará neste processo de forma mais lenta, num espaço de 5 anos em diante. Dar precisão numérica ao imponderável é perigoso mas esta é a sensação psicológica através dos dados coletados e informados economicamente. VAMOS VER O FUTURO. QUEM VIVER VERÁ. Eu sempre disse A GRÉCIA, AMANHÃ, SERÁ AQUI NO BRASIL. A dívida interna está em 2 trilhões (da União) os estados e municípios estão soterrados por dívidas..os paradoxos estão cada vez mais fortes…violência urbana e rural incontida pela força pública…colapso da infra-estrutura (portos, estradas, saúde, educação), agravado tudo pelo incremento da relação Estado\Fisco Estado\Dívida. O tempo do Brasil é uma incógnita, em razão de seu tamanho e de sua economia INFORMAL que é a metade da economia FORMAL. Aliás esta ECONOMIA INFORMAL já está vivendo a nova era que virá na atualidade pois ela é o parâmetro LIBERAL estabelecido NO PARADIGMA DE HONG KONG, seja, a desregulação total. Tenho dito.   21.11.2012

Comentários encerrados.