OUTROS EFEITOS DA GUERRA DAS MOEDAS

GUERRA DAS MOEDAS OUTROS EFEITOS
O expansão da base monetária dos Estados Unidos da América e outros estados como o Japão, em estudo feito pelo FMI constatou que o mundo emergente vem recebendo, desde o segundo trimestre de 2009, alguma coisa entre US$250 bilhões por trimestre de recursos dos países desenvolvidos. A América Latina e a Ásia são indicados como os maiores receptores destes recursos em todo o mundo seja através de investimentos diretos seja através de papéis de renda fixa. (Jornal do Comércio, POA, 17, 18 e 19 de maio de 2013 – pág. 8) A constância destas emissões vai ter alguns efeitos cujas reflexões vou registrar. Há moedas nacionais que se tornaram bem dizer internacionais em razão de sua ampla conversibilidade e outras com poder maior ou menor de conversibilidade. A moeda americana é a moeda que possui o maior poder de conversibilidade no mundo. Assim é que a expansão monetária americana financia o estado americano através de um imposto indireto, contido na desvalorização constante de sua moeda( Os EUA tem frotas em todos os oceanos e financiam centenas de bases espalhadas pelo mundo), ao mesmo tempo fazendo com que o dólar cada vez mais, pelo efeito “parking”, comece a ocupar um lugar maior na conversibilidade, tornando-se usual, além de ser a moeda de compra dos ativos nos demais países. Países como o Brasil, que fez uma macro expansão de seu meio circulante, de maio até outubro de 2012, na base de 50%, induzindo a queda do real frente ao dólar (mantido através de monitoramento por swaps cambiais constantes em torno de 2 alguma coisa acima\abaixo)) e a Venezuela que desvalorizou sua moeda em 46%, com o objetivo de manterem a sua competividade, seja, um índice no balanço de pagamentos em que as exportações sejam maiores que as importações, causam por outro lado, uma queda brutal de seus ativos internos que são comprados pelos capitais que possuem moedas sobrevalorizadas perante o real ou a moeda venezuelana. As macro-desvalorizações monetárias do real, v.g., para adquirir competitividade, mesmo assim, pela constante desvalorização do dólar e das demais moedas e ainda agravadas pelo custo Brasil, infra-estrutura de estradas sucateadas, gargalo dos portos e aeroportos, legislação trabalhista e previdenciária caríssima que aumenta o custo social das mercadorias, câmbio valorizado (mesmo com a desvalorização governamental em função das demais agravantes) ocasionam a destruição do parque industrial e, em razão da competitividade do agro-negócio, a potencialização do incremento ainda maior das exportações dirigidas e focadas mais neste setor. A venda incrementada pelo agronegócio é um dos fatores maiores do incremento inflacionário interno pois a exportação das commodities agrárias que serviam de abastecimento ao mercado interno, não substituídas e mantida a demanda interna por alimentação para a população, impulsionada ainda pelos programas governamentais de fome zero e o pleno emprego com taxa de 5% de exclusão, fazem com que o mercado interno sofra, se não um desabastecimento, pelo menos uma escassez pela demanda, que acumulada com a exportação para a China e demais países – pelos insumos tornarem-se mais baratos no mercado externo pela própria política monetária de desvalorização da moeda nacional – levando assim, com a ausência destes produtos, potencializados pela demanda interna de consumo incrementada e pelo aumento de exportação, ao incremento da inflação. A inflação além destes itens, no Brasil, tem causa no aumento da base circulante, na queda dos juros ou reversão do cavalo de pau, e na razão direta disto na queda do valor da moeda. Em outros momentos, por exemplo quando do governo de Fernando Henrique a expansão monetária era maior mas, no entanto, o valor da moeda, em câmbio fixo, era maior, este fator, que impulsionava as importações mantinha os preços internos achatados em razão da manutenção da competitividade dos insumos nacionais para sobreviverem ante a oferta de bens idênticos com preços mais baixos ou competitivos sofreando assim o processo inflacionário pois os níveis de desemprego estavam em 17% acima ou abaixo não havendo também uma política disseminada de fome zero. Hoje, com a moeda desvalorizada, você não tem o câmbio como fator de regulação interna, com relação ao item inflação, (ele, o câmbio rebaixado artificialmente faculta uma certa competitividade que atinge somente o agro-negócio em suas exportações pois a indústria ainda fica afogada sob o custo Brasil – impostos, custo social e infra-estrutura sucateada). Assim, por tudo, cada vez mais uma ampla série de ativos serão adquiridos pelo capital exterior, através de fusões e associações, investimentos diretos, que é o que constata este estudo do FMI, em razão dos ingressos milionários fruto da expansão monetária dos países centrais com moedas nacionais de alta conversibilidade internacional. Estes dias li no mesmo Jornal do Comércio matéria que se não me falha a memória referia-se ao Grupo Randon que havia adquirido o controle acionário de uma empresa que faz parte do seu Pool que tem seu foco, esta empresa, na área de suspensão de veículos pesados como caminhões e ônibus. A própria notícia trazia em seu corpo que houvera uma queda incrementada de percentuais, em razão do processo de desindustrialização, da demanda pelas peças produzidas por este setor. Mesmo assim a empresa em tela, substituindo-se ao capital externo, adquirira o controle acionário deste investimento. Achei muito curiosa a linha de pensamento pois eu sempre achei que em função dos gargalos da economia sendo mais e mais ainda impulsionadas pelo paradoxo cambial, pois mesmo que o governo consciente da guerra das moedas desvalorize o câmbio nacional, nunca é o suficiente para acompanhar a desvalorização do dólar, sendo esta condição agravada mais e mais pelo custo social, tributário e de infraestrutura nacional defasada e sucateada. Estranho, que, no setor de indústria, uma das indústrias encerradas opte por adquirir ativos, que no futuro, para meu entendimento tenderiam mais e mais a desvalorizarem-se. Isto se daria em função da poupança interna deste grupo ou ainda por ter gorduras carreadas de outras atividades ou ainda pelo crédito fornecido de forma facilitada pelo governo?! Esta empresa tem uma sinergia multinacional e possivelmente, mesmo com a queda de demanda interna, visa uma demanda externa para abastecer o seu parque automotivo em outros países, por exemplo África, onde não haja condições de fabricar estes componentes que devem ser transladados daqui para lá, sendo que mesmo com custo caro e sem competitividade do custo Brasil industrial, compareçam ainda, bons na África ou em outras regiões, onde não há ainda condições técnicas e de pessoal para manter uma produção qualificada?!! Seja esta ou outra a argumentação em pról da compra realmente fiquei encafifado em razão de ser uma tendência que reputo ímpar no comportamento industrial brasileiro, em se mantendo este cenário de paradoxos que vivemos. No Brasil, o Estado Nacional vai mal e a Sociedade Civil, carrega o peso deste Estado monstrengo deformado, sucateado e chupa cabra. O alargamento informal que se vê, onera cada vez mais com impostos e demandas sociais o Brasil formal que cada vez mais sucumbe perante o alto índice de regulação, de imprevisão e de insegurança econômica causada pelo processo de improvisação interventiva na economia. No entanto, o que fazer para conter as soberanias externas dos estados como EUA e Japão que emitem moeda e que causam tanto dano ao processo econômico de globalização. Considero que só o evento de uma moeda internacional é que extinguiria todo este processo de concorrência entre as moedas nacionais. Mas isto é ainda sonhar. Enquanto isto, vivamos as possibilidades permitidas pelos artifícios monetários, enquanto forem possíveis e enquanto o gargalo de outro ogro maior ainda não seja inexorável, seja, a Dívida Nacional interna e interna, que já sufoca municípios, estados e em breve começará a sufocar a União cuja dívida interna já beira 1,5 trilhões de dólares (são dois trilhões e alguma coisa em reais). Quem iniciou este processo foi o genial presidente Fernando Henrique Cardoso, que catapultou a dívida dos governos militares de 60 para 760 bilhões.

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