O DÓLAR E O PARADOXO BELLUZZO

O DÓLAR E O PARADOXO BELLUZZO
A informação de economia mais relevante de hoje, 22.03.2013, ZH – Economia – fls.24 – é que Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos maiores ícones do pensamento econômico brasileiro, conforme o noticiário, preleciona um “equilíbrio que exige um dólar mais alto.” Conforme o informe ele “disse que a cotação da moeda americana deveria ficar entre R$2,40 e C$2,50… satisfazendo a necessidade …de encarecer o dólar para dar equilíbrio ao tripé câmbio-juro-inflação…pois não há hipótese de recuperar a indústria brasileira e trazer investimento com um real valorizado…afirmou o economista da UNICAMP após participar de seminário na Fundação de Economia e Estatística.” Continuando o informe diz que…”Belluzzo reconheceu que um dólar em C$2,40 não agradaria a alguns setores da economia, mas entende que o governo deve perseguir este patamar na base da “tentativa e erro” até encontrar o ponto. Caso contrário, a economia brasileira continuará sendo invadida por produtos da China, que tem um excedente de produção, acrescentou.” Também entende que a disparada do dólar apertaria a inflação, já acima do centro de meta nos últimos 12 meses. O antídoto, conforme Belluzzo, seria aumentar o juro e desacelerar o setor de serviços, cujos preços vêm aumentando acima da inflação nos últimos anos.” Pensando à respeito da proposta do eminente economista e falando com meus botões passei a ponderar sobre os seguintes pontos:
1 – Concordo com o mesmo que o aumento do dólar, com a consequente desvalorização do real, protegeria momentaneamente a indústria brasileira que perde competitividade face a concorrência chinesa que traz embutida o dumping monetário e o dumping social; (O governo se quisesse fazer isto era só não monitorar o câmbio com swaps e em dois toques o câmbio do dólar apreciaria, sendo que, quando chegasse em 2,50, como quer Belluzzo, o governo teria de monitorar novamente, como tem feito pois senão o dólar iria a mais ou menos 4,50, se não houvesse monitoramento em face das providências anteriores tomadas por Dilma, Mantega e Tombini, seja, aumento da base monetária em 50% de maio a outubro de 2012, queda dos juros, aumento laxativo da oferta de crédito, etc…)
2 – Concordo, também, que o aumento dos juros afetaria o setor de serviços, que conforme outro artigo, também expressei esta opinião de que está potencializado e é causa de boa parte do índice inflacionário;
No entanto creio que os efeitos que o eminente economista preleciona poderiam se efetuar num curtíssimo espaço de tempo sendo que no médio e longo prazo, no meu entender, os efeitos seriam piores tanto para a inflação, como para a competitividade das mercadorias manufaturadas pela nossa indústria. Explico:
1 – A desvalorização do real, num primeiro momento, faria com que o Agronegócio que vive um boom no Brasil, com crescimento do tamanho chinês, de mais de 16%, tivesse sua performance ainda mais incrementada, pois por outro lado a exportação das commodities agrárias, seja em grãos, folhas, carne, etc, com o consequente barateamento destas commodities com acesso ao mercado externo, em razão de sua desvalorização e barateamento em dólar, faria com que ocorresse um incremento inaudito da exportação, o que redundaria numa entrada de uma injeção maior no Balanço de Pagamentos, que está no vermelho, desde o começo do ano em mais de 5 bilhões de dólares negativos, anulando, de certa forma, a apreciação do dólar de forma endógena e causando, por outro lado um processo muito mais grave que seria a escassez interna destes produtos para abastecimento do mercado de consumidores com a pressão instantânea sobre os preços que estimularia o processo inflacionário violentamente dando o início para a busca, pelos trabalhadores, de pressões sociais em busca da correção salarial, que se houvesse, como já está projetada através de gatilho anual – decreto da Dilma – em todo o mês de janeiro, coroando como efeito final que levaria a uma diminuição da mais valia contida nas mercadorias manufaturadas e industrializadas em razão do aumento do custo social laboral embutido nas mercadorias manufaturadas. Além deste fator, outro mais teratológico da medida alvitrada levaria a transferência para o exterior, em percentual equivalente a desvalorização do dólar, seja alíquota percentual multiplicada pelo volume de incremento e rebaixamento de preços, da riqueza nacional, que refletiria em seu índice o volume de desvalorização na proporcionalidade dos volumes vendidos e na proporcionalidade – bis em idem – da desvalorização do dólar, tungando os produtores nacionais do agronegócio através de uma transferência momentânea de riquezas, de um setor para outro, no curto e no largo prazo, sem nenhuma serventia pois, logo, logo, mais adiante, estaria a indústria novamente imprensada entre o dólar, o custo Brasil (gargalo da infraestrutura, tributário, burocracias, custo laboral social, e monetário – guerra das moedas);
2 – Concordo com Belluzzo, com relação ao juro e seu incremento, mas tenho a ponderar, em contrapartida, que o governo baixou o juro de forma exagerada de uma hora para outra e abriu as comportas do crédito assim, se inverter os comandos de forma rápida vai incrementar, em realidade, é um processo de falências, insolvências e concordatas. Assim é, que como falei, estamos em paradoxos e saímos de um paradoxo e entramos noutro. A única saída é ir subindo o juro para os patamares do início do governo Lula, do “cavalo de pau” mas com uma sintonia fina muito lenta para não causar nenhum estress na economia. O que levou 1 ano para chegar a 7 alguma coisa da Selic tem de ser feito em 2 anos para se chegar aos patamares anteriores de dois dígitos monitorando o comportamento da economia. Mas isto também nos levaria a um processo de estagflação!!!!
3 – A China, ou melhor dizendo, o capital oligopolista mundial e globalizado que está no útero da China e com suas vantagens comparativas ataca o mundo, Europa, Américas, etc, deve ser levada a OMC, a OIT, para que cesse seus ataques com dumpings monetários, sociais e mecanismos capciosos comerciais, para que cesse a crise no mundo. Agora eu quero ver é quem é que vai colocar o guizo no rabo do gato, ou seja, dizer aos chineses que eles tem de fazer isto ou aquilo e relativizar com o peso do planeta a soberania chinesa que não vê limite para nada!!!!

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