MERCOSUL: AS MIOPIAS DE GUEDES & ERNESTO ARAÚJO

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Conforme matéria publicada e assinada pelo jornalista Rodrigo Lopes, em ZH de 28 do corrente está em estudo no Ministério da Fazenda, em conjunto com o Itamaraty, a possível saída do Brasil do Mercosul. Este tratado data de 1989, quando os Presidentes Alfonsín e José Sarney, assinaram em Assunção a convenção marco. A América Latina, como dizia Eduardo Galeano, foi sempre “um arquipélago de países desconectados entre si”. Para alterar esta situação é que ao longo de dezenas de anos de esforço diplomático construiu-se a ALALC nos anos 60\70, ALADI Associação Latino-Americana de Integração nos anos 80  à que se seguiram as ampliações regionalistas em que se enquadra o MERCOSUL. Este modelo de integração regional segue o modelo geral criado em 1944 na reunião realizada em Bretton Woods, definindo o sistema de multilateralismo internacional que definiu o sistema de gerenciamento econômico mundial, a fim de evitar as guerras entre as nações, criando uma série de instituições e reticulados como o GATT, à que se seguiu a OMC, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, etc.. O sistema de Bretton Woods estabeleceu o dólar, com o consequente lastro ouro, como moeda internacional que assumiu de lá até aqui, 70% das operações e liquidações de negócios internacionais tornando-se uma grife monetária sem contestação até o ano de 1961, quando o economista belga Robert Triffin apresentou ao mundo o que foi cognominado por dilema de Triffin, seja, o dólar americano, para acompanhar a expansão dos negócios mundiais teria de realizar este périplo através dos sucessivos débitos e déficits americanos que se distanciavam mais e mais do lastro ouro. É notória a contenda pública entre o general De Gaulle, nesta época, contra os americanos. Em 1993 surgiu uma obra referencial assinada por Paul Volker, ex-Presidente do FED americano e por Toyoo Gyohten, “A Nova Ordem Econômica” que, por seus fundamentos, ali analisados, colocavam em cheque a estrutura monetária do sistema urdido em Bretton Woods com a cooperação dos grandes economistas da época, sir Maynard Keynes e Dexter White. Sim, para estes grandes CEOS do sistema monetário internacional o sistema de Bretton Woods se desintegrara passando a ser um “não sistema” kafkaniano que criava mais e mais problemas através do incremento da dÍvida pública mundial dos estados nacionais. No ano de 1993, por iniciativa do Diretor da Faculdade de Direito da PUCRS eu fui convidado a atuar como debatedor num seminário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência falando sobre Mercosul. O conferencista principal adoeceu e tive que substituí-lo sendo assim que ingressei num périplo de mais de 15 anos estudando o regionalismo, o multilateralismo e as moedas. Foram produzidas, nesta época, as obras “Mercosul – A Luta pela União Latino-Americana e, ainda em forma de artigos jornalísticos, tive o pioneirismo no mundo de escrever o artigo intitulado Guerra das Moedas em 15.07.1998 auge do plano Real de FHC. Recentemente, antes da queda de toda a esquerda no cone sul americano fui à La Plata, capital da Província de Buenos Aires, cidade universitária onde se situa o Instituto de Integração Latino-Americana, e à convite da sua diretora fiz conferência magistral vaticinando a queda daqueles regimes e suas razões, argumentos estes públicos que ficaram registrados no Livro de Ponências daquele Congresso e agora vieram publicados no Livro Guerra das Moedas na sua página 66,  lançado este ano na Feira do Livro de Porto Alegre. Ora, a argumentação colocada ali na obra, com antecipação, como se fosse um oráculo advindo das consequências de minha teoria Guerra das Moedas, estraçalhava a economia dos governos esquerdistas mas também atingiria os governos que os sucedessem, independentemente de ideologias, pois a ideologia ou a super-estrutura jurídica constitucional, criada num bloco histórico social democrata, é que criava e agravava o “custo não só do Brasil, mas latino-americano com agravantes de persistência, mesmo tomadas as devidas providências para rebaixamento deste custo, pela atuação das equações de Robert Mundell, em sua teoria, que é o impacto da exportação da inflação americana aos sistemas conexos e também pela concomitância de uma outra equação econômica desenhada pelo célebre economista Raul Prebisch que é a atuação CENTRO\PERIFERIA em que a China, antiga periferia transformando-se em Centro passa a captar sobre seu poder gravitacional emergente toda a economia latino-americana e à molda-la condicionando-a à mero fornecedor de commodities alimentares em troca da destruição de sua indústria nascente. Assim é que a chamada crise de desemprego, desinvestimento, alimentada pela internalização ideológica do perigo comuno socialista, continuará desestruturando qualquer governo que não seja da sua mesma jaez. O MERCOSUL conectou as nações latinas antes um arquipélago com um negócio que já chegou orçar 22 bilhões de dólares assim não deveria o governo latir como Trump tentando blefar mas isto sim liderar uma alternativa conjunta e enfrentar, como os Estados Unidos enfrenta à China, pois unidos, Argentina, Paraguai, Uruguai e Brasil e o resto do Mercosul, nossa produção agrária e seu volume exportado para a China é suficiente em escala para conseguirmos, unidos, exigir ou taxar  suas mercadorias manufaturadas que destroem nossas indústrias causando a crise de desemprego nas cidades.
Sérgio Borja     autor dos livros Mercosul e autor pioneiro de Guerra das Moedas      28.11.2019
Professor aposentado de Direito da UFRGS, PUCRS E UNISINOS
Cadeira 22 da Academia Rio-Grandense de Letras
Condecorado pela OAB; Marinha e Assembléia Legislativa

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