POEMA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A NOVA DEMOCRACIA ESCRITO PELO PROFESSOR DE CONSTITUCIONAL E POETA SÉRGIO BORJA AOS 36 ANOS!

NOVA REPÚBLICA ( POEMA DO LIVRO URNA DO TEMPO SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE 1988)

Minha vida
Um dardo rombudo
Seta de pesadelo
Que mora e se perde
Nos labirintos
Lenta
Muito lenta
Da máquina imensa
Desse moto-eterno-consumo

O opressor
Um dado sortudo
Roleta viciada
Pelos dutos
Condutos
Esteiras obsecadas
Por dividendos e lucros

Minha falha
Meu defeito
Meu fracasso
Nesta democracia
Não divisam a culpa
Não tem mãe
Nem pai
Se perdem em pequenas perdas
Na medida
No pouco a pouco
Que me retiram todo o dia

Dai-me um opressor
Um torturador
Para que arque
Com “mea-culpa”
Dai-me um ser
Único
Um ditador responsável
Bode expiatório
De todo o meu mal
Não
Esta felicidade
Me é negada
É hora de destampar
A panela
É hora de roubar
A pressão
Depois de haver
Cozinhado
Em banho Maria
Toda a opressão
Silenciando a vindicação
Com bela Constituição

Eles sabem a medida
Da força
Sabem a medida
Da pouca sopa
Para que a força
Não seja suficientemente
A força da mutação
Da renovação
Da verdadeira revolução
Alteração do real
Dos valores
Que mudam as dores
Em olores e flores

Eles sabem
Do zigue-zague do jogo
Da rotação e da translação
Das regras e leis
Da sístole e da diástole

Sapientes e esclarecidos
São todos os déspotas
No tempo convencionado história

Passar o bastão
Ao otário
Já perdida a batalha
Desmoralizar toda oposição
Sobre a insustentável
Ingênua posição
De governar
Sob as mesmas e antigas regras
Mães de toda a aflição
Trocar a Constituição:
Chapéu
Adorno
Penacho da negação
Contida no verdadeiro corpo
Centenário
Ordinário
Da verdadeira opressão
Contida na base
De toda a legislação

Dai-me o mal
Que me causas-te
Dai-me o mal
E a lança
A picana
O laço
Espora
Estilete
A cruz
E o sangue
Que me tiras-te
Difuso em liberdade
Para que cego
Sob as vendas de tua lei
Justifique o retorno
De tua espada e grilhão

Dai-me o vermelho
E o sal
Do meu suor
E a poeira
Que ringe
Ainda nos dentes
Para que me sirvam
De manto e adorno
Coroa
Louro
De minha liberdade de Pirro De uma vitória
Que nasce
Com sobrenome derrota
Para que eu sucumba
De alegria
Sob a praga e a estigma
Que me legas-te

Quando se perde
A liberdade
E a sua oportunidade
Quando nos roubam
O momento
Quando voltar atrás
E salvar a paz
E sair do caos
Ainda era possível
E depois
Quando não
Há mais tempo
Pois vendida a casa
A roupa
A terra
E o feito
Nos devolvem a liberdade
Quando tudo o resto
Não é mais certo
Quando não há mais tempo
Nem teto
Comida
E barriga
Para embalar o sentido
Da vida gemida
E da saída
Então
Quando o sal
Torrou o chão
Secou a carne
Aqui temos a Liberdade
Liberdade
Agora
Palavra
Vazia ao vento
Ao léu borboleta
Flor
Beija-flor
Passarinho
Coqueiro
Areia e mar
Na tela
O olho é um lobo
Na festa
Da rede Globo

Quando a fome
Resgatável
A doença curável
Já é endêmica
E crônica
Já é lepra
Chaga corroendo
A saciedade
Esta frágil sociedade

Vamos nós
Todos cegos
Crucificados
Com as mãos
E os pés
Nos pregos
Ouvir o brilho
Dos pássaros
E o chilreado
Das estrelas
Loucos e desvairados
Pela eterna
Liberta
Pretensa democracia
Lá vamos todos
Atados
Mergulhar
No abismo
Urdido no alto
Televisionado
Pelo único
Caminho
Que nos oferece
O mesmo travestido
Planalto!!

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Este jovem professor de Direito Constitucional, com 36 anos, desiludido com uma Constituição Congressual, que não foi exclusiva como queria o jusfilosofo Leonidas Xauza, escreveu estes versos sem esperanca e que retratam o mundo Orweliano da Rede Globo e do Grande Irmão atuando e moldando a nova constituicao de 1988 que é um aparado de FICÇÃO DEMOCRATICA PARA ILUDIR TOLOS E ESTRANGEIROS!  O POEMA ESTA NO LIVRO URNA DO TEMPO DE 1986!

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